Adoro crianças. De preferência bem passadas e acompanhadas por um arroz bem soltinho ou batatas coradas. Se tiver um vinho tinto, fica perfeito. Os miúdos são até bonitinhos, mas fazem cocô, acordam à noite e quando começam a andar entram no quarto da gente em momentos impróprios. As mamães dos tempos das cavernas já perceberam o tamanho do problema e descobriram alguns atalhos pra poderem ter um pouquinho de paz, pois até mesmo os bebês daquela época vinham programados de fábrica com recursos desligatórios.
A tal sucção reflexa deve ter sido percebida por uma mãe exausta carente de silêncio. Bastou encostar o dedo perto da boca do seu rebentinho pra ele começar a sugar e silenciar o trombone. Daí para a fabricação da chupeta foi um pulinho. Mas só conseguimos um sossego considerável milênios depois, quando os adultos, cansados da árdua tarefa de procriar, criaram a TV e – além de instituírem um novo entretenimento para as noites do casal – produziram a primeira babá eletrônica.
A programação de TV chegou a fazer parte da psicologia positiva, um ramo bastante divulgado por Martin Seligman e seus entusiastas da autoajuda, além de deixar milionárias Xuxa, Eliana, Angélica e tantas outras babás. A petizada é capaz de ficar horas vidrada na telinha e, com isso, dar um descanso para papais e mamães cansados ou de saco-cheio. Mas a antiga tecnologia não permitia muita interação. Para corrigir essa pouca dependência, ninguém me tira da cabeça ter sido por este motivo a invenção do celular e de seus joguinhos.
A TV já nos deixava burro, muito burro demais, como nos alertaram os Titâs (Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Tony Bellotto), mas não sabíamos de todos os efeitos da telinha do smartphone. Apenas imaginávamos o estrago do novo brinquedinho, até o JAMA pediatrics publicar o artigo do Dr. Ippei Takahashi. Ele e seus colegas descobriram os malefícios ligados ao tempo dedicado às telas, como atrasos no desenvolvimento de habilidades de comunicação e resolução de problemas aos dois e aos quatro anos.
Agora é só gritar:

  • Oh Cride, fala pra mãe !!!!
De acordo com o artigo do Dr. Ippei Takahashi, os malefícios ligados ao tempo dedicado às telas, como atrasos no desenvolvimento de habilidades de comunicação e resolução de problemas aos dois e aos quatro anos

Dr. Manoel Paz Landim (Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)

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