BATALHA JUDICIAL – O final do ano passado foi agitadíssimo no âmbito da Câmara Municipal de Jales. Como se recorda, no dia 12 de dezembro, foi eleita a Mesa Diretora para os próximos dois anos. A princípio, os candidatos à presidência seriam Deley Vieira (União Brasil), da base aliada, e Bruno de Paula (PSDB), da autointitulada ala independente. Como havia perspectiva de empate por 5 a 5 e o critério de desempate seria a votação obtida na eleição municipal de 2020, os independentes, aos 45 do segundo tempo, trocaram Bruno por Bismark Kuwakino (PSDB), que já presidia o Legislativo, na cabeça de chapa. Com o empate, deu Bismark, que teve 673 votos em 2020 e Deley com 589.
VAR – Como o Regimento Interno e a Lei Orgânica do Município estabeleciam que um vereador não poderia se eleger para o mesmo cargo na eleição subsequente, o grupo de Deley recorreu à Justiça, obtendo liminar do juiz de direito Adilson Balotti, que mandou providenciar nova eleição em 48 horas. Para cumprir a decisão judicial, Bismark agendou o pleito para os dias 23, 24 e 25 de dezembro. Só que não houve quórum para a eleição já que a base aliada não compareceu. Eram necessários seis vereadores presentes para abrir a sessão.
VENENO CONTRA VENENO- Mas, nesse ínterim, a Procuradoria Jurídica da Câmara, através do procurador Rodrigo Murad, reverteu o resultado, obtendo decisão no âmbito do Tribunal de Justiça derrubando a liminar de primeira instância sob a alegação de que já havia jurisprudência a respeito emanada do Supremo Tribunal Federal, liberando a reeleição.
EXPECTATIVA – Para o vereador Deley Vieira, o jogo ainda não terminou. Segundo ele, tudo indica que no julgamento do mérito, após o recesso do Judiciário, o Tribunal de Justiça vai determinar nova eleição e, caso isso aconteça, o candidato a presidente será o vereador Ricardo Gouveia (Progressistas), o mais votado no pleito municipal de 2020, garantindo um integrante da base aliada na Chefia do Legislativo.
CONTATOS IMEDIATOS – A posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre boas perspectivas para o PT jalesense. O ex-vereador Luís Especiato, dirigente histórico do partido, é primo do novo ministro do Trabalho, Luíz Marinho. E o atual presidente do Diretório de Jales, vereador Hilton Marques, tem trânsito livre com o deputado Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, com gabinete no Palácio do Planalto.
MEMÓRIA – Como um assunto puxa outro, vale lembrar que, em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer, então candidatos à reeleição, estiveram fazendo campanha em Jales, Luiz Marinho, que era prefeito de São Bernardo do Campo, se deslocou até nossa cidade para participar da concentração no Jales Clube. Encerrado o encontro eleitoral, o presidente do clube, Clóvis Pereira, foi recebido por Dilma, para reivindicar a instalação de um campus de universidade federal em Jales, dispondo-se a doar a área que fosse necessária. Na entrega do documento reivindicatório, Clóvis, que se fazia acompanhar da esposa Dirce, teve o reforço de Michel Temer e Luiz Marinho, tentando convencer Dilma, conforme testemunhou este comentarista, que participou da audiência por exigência do presidente do Jales Clube.
MEMÓRIA (2) – A propósito, o prédio onde hoje funciona o Poupatempo foi construído ao tempo em que Marinho era ministro do Trabalho de Lula, no segundo mandato, durante a administração Humberto Parini. O objetivo inicial era abrigar o Centro de Economia Solidária, para estimular o associativismo.
DONO DA BOLA- Deu no Estadão. Secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), responsável por pilotar a articulação política, Gilberto Kassab (PSD) foi fortalecido na redistribuição de estruturas do Executivo paulista e garantiu mais instrumentos de negociação na nova administração.
DONO DA BOLA (2) – Ainda de acordo com a mesma fonte, Kassab herdou a área de convênios com as prefeituras, sob controle da pasta de Desenvolvimento Regional no governo anterior, agora extinta. Trata-se de um conjunto de parcerias do governo estadual com municípios para realização de obras públicas, um trunfo para conquistar apoio de partidos e de deputados da Alesp. A coluna do Estadão afirma que, ao longo da gestão de João Doria e Rodrigo Garcia, do PSDB, a Secretaria de Desenvolvimento Regional era utilizada para atender as demandas dos parlamentares em seus redutos eleitorais.
DONO DA BOLA (3) – Aliados de Kassab admitem o interesse de utilizar os convênios para dar governabilidade a Tarcísio, que privilegiou técnicos e pessoas de sua confiança na escolha dos secretários em detrimento da divisão entre siglas que o apoiaram no segundo turno.