O enorme desgaste decorrente da criação da taxa do lixo e duas contribuições embutidas nos carnês do IPTU em 2022, episódio que ainda hoje respinga na cúpula do Poder Executivo e na maioria dos vereadores, teve um lado bom, se assim podemos dizer.
Para evitar serem xingados e até ameaçados de agressão, como ocorreu no dia 17 de janeiro do ano passado, em sessão realizada em plena segunda-feira, às 10 horas da manhã, os vereadores resolveram adotar a máxima popular segundo a qual afobado come cru ou queima a boca.
Sob artilharia pesada da opinião pública, incomodada com o buraco em seus bolsos em um período pós-pandemia, os detentores de mandatos tomaram os percalços como lição e parecem mais precavidos.
Ainda sob a gestão do presidente Bismar Kuwakino (PSDB), a Câmara Municipal, cautelosa, promoveu audiência pública para consertar o erro anterior, reduzindo valores e tornando o IPTU menos atravessado na garganta, operação que teve a participação efetiva da sociedade civil organizada representada pela Associação Comercial e Industrial, em nome do Fórum da Cidadania.
Agora, é hora de repetir o processo. Na mesma linha de Bismark, o atual presidente da Câmara, Ricardo Gouveia (PP), convocou audiência pública para ouvir segmentos da população sobre a viabilidade da criação da Guarda Civil Municipal.
Até agora, sabe-se que a criação da GCM implicará na criação de mais 100 cargos, além da aquisição de veículos e armamentos.
Por que o chefe do Poder Legislativo resolveu promover a audiência pública? Certamente porque, antes de colocar o projeto em discussão e votação, achou prudente consultar os pagadores de impostos.
Há um setor significativo da opinião pública que questiona se é tão necessário assim criar uma nova estrutura na área de segurança se já existe uma outra em funcionamento com bons resultados, a Atividade Delegada, segundo a qual a Prefeitura remunera policiais militares em seus dias de folga, devidamente fardados e armados, para fazer rondas e proteger prédios públicos.
Independentemente do resultado da consulta, o Poder Legislativo acerta ao tomar a precaução de ouvir quem paga a conta de tudo.