Não foi por falta de aviso. Na edição de 15 de agosto do ano passado, neste mesmo espaço, foi publicado um comentário intitulado “Não dá para relaxar”.
Naquela ocasião, ao mesmo tempo em que a página registrava o bate-cabeça inicial em relação aos idosos, que tiveram que encarar filas quilométricas, também foi enaltecido o fato de que, recuperada do baque, a campanha de vacinação em Jales tornara-se um “case” de sucesso.
Muito mais avançada do que a esmagadora maioria dos municípios da região, os imunizantes, depois de serem ministrados no público-alvo inicial, os idosos, já havia chegado aos jovens de 18 anos.
Como criticar o que está errado e elogiar o que é bem feito faz parte do ofício de quem se dedica ao jornalismo, o editorialista não teve o menor constrangimento em cunhar frase reconhecendo o desempenho da equipe da Secretaria Municipal de Saúde.
Vale a pena transcrever o que foi escrito: “o sucesso do processo de vacinação tem sido mais uma prova cabal de que quando a voz de comando é de gente do ramo, com experiência acumulada no serviço público, o andar da carruagem não apresenta solavanco”.
Porém, em meio ao reconhecimento do trabalho feito em Jales, o jornal recorreu ao médico infectologista Maurício Kenzo, coordenador da Ala Covid da Santa Casa e do Comitê Municipal do Enfrentamento do Coronavírus e ouviu dele que o descompasso entre a vacinação em massa e a as unidades do hospital cheias tinha a ver com um certo relaxamento por parte da população.
Pois bem, agora, com a taxa de transmissibilidade da cepa Ômicron batendo recorde no Estado, inclusive em Jales, e com a desativação das unidades que tratam de coronavírus em todos os hospitais da região, concentrando os atendimentos no Hospital de Base de São José do Rio Preto, a Covid-19 voltou a assustar. Segundo a Unidade Especial de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a alta transmissão da variante Ômicron já era alertada pela Organização Mundial de Saúde, mas as pessoas não levaram o caso a sério.
Ou seja, se em agosto de 2021 o jornal defendeu a ideia de que agora não era hora de relaxar, o bom senso aponta na direção de que “todo cuidado é pouco” .

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