O recente episódio de uma cadeirada em pleno debate eleitoral, que rodou pelas redes sociais e manchetes, expõe o que há de mais nocivo na política: o desrespeito à discussão de ideias. Em um cenário onde os candidatos deveriam estar apresentando suas propostas e, principalmente, debatendo o futuro das cidades, vimos a degradação do diálogo, substituído por agressões físicas e verbais. Esse triste episódio é um reflexo não apenas do comportamento de alguns, mas de um ambiente político onde o confronto físico parece ser mais eficaz do que o confronto de ideias.

O Brasil, infelizmente, já se acostumou a ver o embate político se transformar em um espetáculo. A polarização exacerbada, a desinformação e o discurso de ódio tomam o lugar de debates construtivos, e a violência acaba sendo a consequência de um ambiente onde adversários são tratados como inimigos. Esse comportamento, que foi materializado em uma cadeira arremessada, não pode ser normalizado.

Mas há um outro lado que também precisa ser discutido: a ausência de debates em várias cidades pelo país. Em algumas regiões, sequer há espaço para que os candidatos se reúnam para discutir publicamente seus projetos. A falta de organização de debates, seja por conveniência política ou falta de interesse das autoridades, é tão preocupante quanto os casos de violência. Onde não há debate, não há transparência, e sem transparência, a democracia fica fragilizada.

Em um ano eleitoral, é fundamental que o eleitor tenha acesso à pluralidade de ideias. As campanhas não podem se limitar a jingles ou discursos padronizados em redes sociais. O debate é a alma da democracia; é nele que o eleitor pode comparar, questionar e formar sua opinião de maneira crítica e informada. A ausência desses encontros, ou sua transformação em shows de agressões, mina a essência do processo eleitoral.

As cidades que não promovem debates públicos estão privando seus cidadãos de um direito fundamental: o de ver seus futuros representantes se confrontarem de maneira civilizada e honesta. Já as cidades onde o debate vira palco de violência perdem a chance de construir um processo democrático mais rico e saudável.

A democracia exige maturidade política e respeito às regras. Agressões físicas e a ausência de debates revelam que ainda temos um longo caminho a percorrer para garantir um espaço de diálogo verdadeiro. O eleitor não deve aceitar que sua escolha seja pautada por pancadarias ou pela falta de confronto de ideias. Precisamos de menos cadeiradas e mais debates. Só assim construiremos uma política que realmente represente os interesses da população.

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