A 38ª Romaria Diocesana agendada para este domingo, 21 de agosto, comporta algumas considerações de nossa parte que, embora não sejam inéditas, continuam merecendo atenção.
Como o próprio nome diz, trata-se de um encontro regional de fé que atrai as comunidades católicas de todos os municípios que compõem a Diocese de Jales.
Criada sob a inspiração e apoio de Dom Demétrio Valentini, a Romaria é uma manifestação coletiva em louvor a Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Diocese.
Em todo mês de agosto caravanas dos 44 municípios vinculados à Diocese deslocam-se até Jales para render graças à santa padroeira. Alguns viajam de carro, outros preferem ônibus, mas há grupos que percorrem dezenas de quilômetros a pé, de suas cidades, até a Praça da Catedral.
Na cerimônia de encerramento, agradecidos pelas benções recebidas, muitos pagam promessas atribuindo milagres à santa padroeira.
Mas, tendo em vista que, como relataram os nossos ancestrais em depoimentos colhidos por memorialistas, a conquista da Diocese de Jales lá atrás, em 1959, não foi apenas um ato do Papa João XXIII, após parecer do Núncio Apostólico do Vaticano no Brasil, mas também uma batalha de bastidores que envolveu as mais ilustres personalidades da cidade, já que havia lideranças vizinhas concorrentes, é imperioso aprimorar o que já existe e inserir a Romaria Diocesana de Jales no conceito de turismo religioso.
O turismo religioso, segundo os estudiosos do assunto, é um segmento de turismo e lazer relacionado ao deslocamento de pessoas por motivos religiosos, seja na visita de um determinado local, seja para a participação de eventos, como, por exemplo, as peregrinações.
O turismo religioso existe desde os primórdios. Os registros das primeiras romarias brasileiras são de 1.700, após a aparição da imagem da Virgem Maria, em Aparecida.
No início de 1900, a Igreja Católica começou a incentivar as romarias por meio de eventos organizados, investimentos e propaganda.
De acordo com o jornal Brasilturis, o turismo religioso movimenta milhões de reais por ano no Brasil. Por exemplo, o Círio de Nazaré, no Pará, movimentou R$ 32 milhões só no feriado de 12 de outubro de 2019, um ano antes da pandemia. Em Aparecida, mais de 170 mil pessoas participaram da celebração naquele ano.
A mesma reportagem aponta que os brasileiros fazem mais de 8 milhões de viagens dentro do país em busca dos principais destinos religiosos.
Diante de tal realidade, a Romaria realizada em Jales que, é circunscrita aos católicos da Diocese, tem todas as condições de se transformar, se bem trabalhada e divulgada do ponto de vista turístico em nível nacional, em vultosa fonte de geração de recursos para hotéis, restaurantes, bares, lanchonetes, pousadas e até para as pequenas cidades no entorno de Jales.
Não se trata de mero sonho de bairrista fanático, mas de reflexão sobre as imensas possibilidades de que a Romaria Diocesana se torne em alavanca para Jales em todos os sentidos, justificando assim o slogan que ostentava nos anos 60 e 70 —capital espiritual da alta araraquarense.

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