Os apressadinhos de plantão, normalmente padecendo de déficit de autoestima e que, via de regra, são incapazes de enxergar um palmo à frente do nariz, têm o péssimo hábito de, por tudo ou por nada, detonar a cidade em que vivem.
Embora tais execráveis personagens sejam minoria absoluta, no final das contas, por conta de conversa fiada em boteco ou fazendo mau uso das redes sociais, acabam tendo uma certa atenção por parte de desavisados e/ou desinformados.
Um dos temas preferidos dos mal resolvidos é bater incessantemente na tecla de que em Jales não tem nada para fazer ou bons lugares para se divertir, utilizando-se para isso, a título de argumento, de comparações descontextualizadas com cidades vizinhas.
Uma resposta à altura de tais diatribes é lembrar a robustez do movimento cultural jalesense. Em matéria de cartes cênicas, por exemplo, o trabalho da Escola Livre de Teatro, cuja face mais visível para o público é a série “Sarau no Ponto”, que consegue o prodígio de juntar todas as idades, prova perfeita e acabada de que tem muita coisa boa para ver em Jales.
Outro segmento que merece todo respeito de quem tem bom gosto é o musical. Há boas escolas de música, como a pioneira Santa Cecília, a Edem Musical (que completou 46 anos em agosto) e a Dominus, só para ficar no terreno da iniciativa privada.
Do ponto de vista oficial, os jalesenses não têm motivo de queixas, pois o trabalho que é realizado aqui merece reconhecimento em face da existência da Orquestra Sinfônica de Jales, composta por 60 músicos de formação erudita, cuja faixa etária varia entre sete e 82 anos.
Neste sentido, cabe a pergunta: qual é a cidade com pouco mais de 50 mil habitantes cuja população pode se dar ao luxo de ver e ouvir os acordes de uma orquestra sinfônica do mais alto nível?
Referida plêiade de excelentes músicos, sob o comando do maestro e regente Edivaldo de Paula, têm propiciado momentos inesquecíveis a quem frequenta não somente espaços qualificados como o Centro Cultural Dr. Edílio Ridolfo, mas até ruas de bairros da cidade, em ocasiões como o período pré-natalino.
Foi o que voltou a acontecer na última sexta-feira, dia 16, quando da 8ª edição do Concerto Solidariedade, Saúde e Música, também comemorativa aos 30 anos de fundação do Centro Cultural.
Dois detalhes desta série: 1) a concepção inicial contempla a apresentação de cantores de música popular acompanhados por músicos de formação clássica; 2) o preço do ingresso é quase simbólico, no caso mais recente meio quilo de café para a Santa Casa.
Na edição de anteontem, houve mudança de cardápio. Aos 60 músicos da Sinfônica de Jales, juntaram-se outros 20 de Fernandópolis, em 10 números instrumentais dignos de se ouvir rezando, tal a magnitude da apresentação.
Resumo da ópera: Jales, apesar dos derrotistas, é sim uma cidade civilizada.