Sabemos que desde seu surgimento, o mundo nunca deixou de evoluir e quando o ser humano passou a habitar esse planeta, a inteligência foi se desenvolvendo, de forma cada vez mais acelerada até chegar aonde chegamos, com a tecnologia sempre avançando.
Não devemos nos assustar, no entanto, com tantas transformações que acontecem a cada instante, pois tudo faz parte desse processo de uso da imaginação e dos recursos materiais e mentais que todos temos e são empregados para nossa sobrevivência. Não fosse assim, simplesmente deixaríamos de existir a muito tempo.
A surpresa provocada pela inteligência artificial é um desses momentos em que nos defrontamos com o choque das mudanças que surgem aparentemente do nada, para destruir o que já existe, provocando o caos, ou grandes transformações.
Fala-se na destruição de empregos, da imaginação, das atividades não manuais, mas esquece-se de que isso já aconteceu em vários períodos, sem que o mundo acabasse, mas evoluísse cada vez mais e é nesse sentido que a IA deverá contribuir, desde que bem utilizada.
Nessas alturas o leitor deve estar perguntando: mas porque esse tema em um editorial neste jornal impresso, de circulação regional?
Em primeiro lugar porque temos publicado muitos artigos sobre o tema enviados por nossos colaboradores, mas acima de tudo porque embora este ano estejamos completando 52 anos de circulação ininterrupta, podemos nos considerar ainda jovens se comparado com outros jornais, muitos centenários, que atravessaram períodos de grandes indagações, como agora.
Diziam que os jornais iriam desaparecer desde o advento do rádio, na década de 1930; depois, que o rádio iria desaparecer com o surgimento da televisão (hoje, ao contrário, só em Jales temos várias emissoras) e depois, que a internet iria acabar com isso tudo; mas nada disso aconteceu.
É certo que muitos empregos desapareceram, mas não por esses motivos e sim pelo próprio desenvolvimento tecnológico, em todas as áreas e hoje restam muito poucas profissões ou serviços dos que existiam a séculos ou mesmo a anos atrás.
A IA, como o próprio nome diz, não é humana, não pode pensar, não reflete emoções, não tem intuições, nem imaginação e menos ainda inspiração. Apenas se utiliza dos recursos lógicos das análises combinatórias e algoritmos para responder as indagações com o que consegue arranjar. Não sabemos como será no futuro, mas por enquanto é mais um instrumento para uso dos humanos, para o bem ou para o mal.
É por isso que o Jornal de Jales, com mais de 50 anos, continua despertando o interesse dos seus leitores: pelo que tem de humano, informativo, reflexivo e esclarecedor, contribuindo para com a formação de cidadãos conscientes e voltados para os interesses da nossa comunidade.