Nos dias 6 e 9 de julho, os atores e atrizes vinculados ao Ponto de Cultura Escola Livre de Teatro quebraram a rotina de dois espaços públicos da cidade —o Comboio, nome popular de nossa feira livre, e a Praça Dr. Euphly Jalles.
Os artistas locais se apresentaram tendo como motivação o tema “Meu trabalho é brincar”, complementando a programação de atividades promovidas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social ao longo do mês de junho, tendo em vista o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
Como era de se esperar, a encenação cativou tanto quem estava no Comboio, no meio da semana, quanto o pessoal que frequenta a praça no sábado, levando os espectadores, adultos e crianças, a proveitosa reflexão.
A pedra de toque da mobilização da estrutura da Secretaria foi conscientizar a população sobre a importância de denunciar os casos e garantir a segurança de crianças e adolescentes.
Desta forma, a participação dos integrantes da Escola Livre de Teatro teve o efeito de fechar com chave de ouro uma jornada de grande responsabilidade social.
Além do mais, o esforço conjunto da Secretaria de Ação Social liderada por Pérola Cardoso, titular da pasta, e da Escola Livre de Teatro, foi uma feliz coincidência com outro fato histórico no mesmo período.
Talvez muitos não saibam, mas exatamente no dia 13 de julho de 1990 foi oficialmente adotado no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente, tornando-se o primeiro país do mundo a implantar uma legislação reconhecida internacionalmente como das mais avançadas em termos de cuidados específicos com a criança e o adolescente, como pontuou o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Fernando José da Costa, em artigo publicado pela Folha de S. Paulo no início da semana que passou.
Vale lembrar também, para efeito de memória histórica, a tradição de Jales neste assunto. Nossa cidade foi a primeira do Estado de São Paulo e a segunda do Brasil a criar o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, cuja primeira presidente efetiva foi a educadora Gema Aparecida Prandi Rosa, de saudosa memória.
Foi ela quem, com apoio das integrantes do CMDCA, promoveu a eleição para escolha dos cinco primeiros membros do Conselho Tutelar, em 1991
Participaram do pleito, que teve sabor de campanha eleitoral, quase três dezenas de postulantes. O candidato mais votado foi Milton Birolli Gonzales, então recém-aposentado na Polícia Civil como diretor do Departamento de Polícia Científica, ou seja, no topo da carreira.
Este fato, por si só, dá exata medida do interesse despertado na população e do nível dos cidadãos que se dispuseram a colocar seus nomes em uma verdadeira jornada cívica completamente inovadora.
A utilização da arte cênica como instrumento de conscientização em assunto de tamanho significado, como ocorreu no início do mês, e a lembrança de que, lá atrás, Jales saiu na frente em termos estaduais, deve servir de chamamento à responsabilidade de quem tem o dever e a obrigação de abrir caminhos seguros para crianças e adolescentes.
Afinal, como ensinavam os antigos, “é de menino que se torce o pepino”

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