Uma corrente de arquitetos europeus defende a ideia de que uma cidade não precisa ter mais de 80 mil habitantes para proporcionar qualidade de vida a seus habitantes.
Porém, há algumas condições para que esse clima de bem-estar se concretize, entre as quais saneamento básico, rede de ensino eficiente, assistência médico-hospitalar compatível com as necessidades dos moradores e espaços públicos acolhedores.
Com aproximadamente 50 mil habitantes —o próximo Censo do IBGE vai arredondar os números — Jales preenche a maior parte desses requisitos.
Vamos aos fatos. A cidade tem 100% de água e esgoto tratados, rede municipal e estadual de ensino bem avaliados nos certames estaduais e nacionais, um hospital geral com 80 médicos e 350 servidores, um hospital para tratamento de portadores de câncer de altíssimo nível e, desde terça-feira, um espaço de convivência digno de cidade grande.
Devidamente revitalizada graças a recursos viabilizados pelo deputado federal Baleia Rossi (MDB), após tratativas feitas diretamente com o parlamentar pela administração Flá-Garça, a Praça Dr. Euphly Jalles, reinaugurada no dia 12 de abril, tornou-se um cartão postal da cidade.
O que nem todos se recordam é que a repaginação da praça que leva o nome do fundador se deu a partir de projeto produzido em caráter voluntário por três arquitetas —Daniela Alvizi Amaral, Fabiana Toyoda Scandelai e Marta Pádua Franco.
Sim, nestes tempos de competividade em que se briga por centavos, as três profissionais de arquitetura deram uma lição de cidadania e de amor à cidade, embora nenhuma delas tenha nascido em Jales.
Outro detalhe significativo é que, antes de colocar o projeto no papel, Fabiana, Marta e Daniela foram ouvir a população, o que lhes possibilitou recolher subsídios necessários para que a praça refletisse os anseios e as demandas de quem a frequentaria. Leia-se pais, filhos, avós, enfim pessoas de todas as idades.
Depois dos discursos e após o descerramento das placas alusivas ao acontecimento pelas autoridades presentes convidadas pelo prefeito Luis Henrique dos Santos Moreira, o que mais se ouviu pelos quatro cantos da praça é que Jales agora tem um cartão postal diferenciado.
O próximo desafio é preservar o que foi edificado a partir do trabalho a custo zero de três dedicadas arquitetas, que deram uma indiscutível lição de talento, competência e amor à terra que adotaram.