O jornalista Deonel Rosa Junior descrevia a linha editorial que adotou para o Jornal de Jales com um pensamento do escritor russo Leon Tolstói: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, como quem diz – valoriza seu próprio povo, sua própria cultura, sua própria história.
Em conversas com amigos ou nas inúmeras palestras que proferiu ao longo dos 50 anos do JJ, nos mais diversos espaços – escolas, clubes de serviço, encontros políticos locais e regionais – ele era enfático ao afirmar sobre a necessidade da população de escolher bem seus representantes políticos locais para, então, poder almejar conquistas dos governos estaduais e federal para a cidade.
A lição de Deonel Rosa Junior volta à tona porque em pouco tempo os jalesenses estarão vivenciando novamente o processo político municipal, quando escolherão o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores. É cedo para abordar esse assunto? Certamente não porque as articulações políticas já estão sendo feitas e os eleitores precisam estar informados e atentos.
A eleição será em outubro de 2024. Didaticamente, cabe relembrar o que cada político pode – ou não – fazer. Só isso já permite que os eleitores abandonem discursos mentirosos de candidatos fajutos. O prefeito, por exemplo, administra a cidade. Tem de cuidar da pavimentação e limpeza das ruas, coleta de lixo, transporte público, construção de espaços públicos, como escolas e parques, além de implantar programas de assistência social.
Também é de sua responsabilidade a educação infantil e do ensino fundamental. Na saúde, precisa garantir atendimento básico. Mas, o mais importante, tem que seguir o orçamento aprovado na Câmara Municipal.
E por falar nos vereadores, eles têm, como função primordial, legislar, ou seja, criar leis – sempre em nível municipal – que sirvam aos interesses da população. Agora atenção: fujam de candidatos que prometem asfaltar ou criar ruas, implantar creches e escolas. Isso é não é sua competência.
Além de legislar, existe uma atividade vital para a democracia que só pode ser prestada pelos vereadores: trata-se da fiscalização das ações do prefeito. Os vereadores têm por obrigação fiscalizar as contas da prefeitura, de forma a inibir a existência de obras superfaturadas e/ou atrasadas; fiscalizar e controlar diretamente os atos do Poder Executivo, inclusive da administração indireta (por exemplo, visitar órgãos municipais e fazer questionamentos por escrito ao prefeito, que é obrigado por lei a prestar esclarecimentos em até 30 dias); criar CPI – Comissões Parlamentares de Inquérito sempre que considerarem necessário e realizar o chamado controle externo das contas públicas, com ajuda do Tribunal de Contas do Estado ou do Município responsável.
Para que tudo isso seja feito de forma correta, cabe aos eleitores escolherem bem seus candidatos. Afinal, para que haja desenvolvimento é preciso agentes públicos comprometidos com esse ideal e que os escolhe é o povo.