Na última terça-feira, dia 7 de abril, os grandes jornais do país circularam com uma mensagem de capa em seis colunas (de ponta a ponta) fora dos padrões habituais.
Ao invés das tradicionais manchetes reportando fatos do dia-a-dia, veículos do tamanho da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, o Globo e tantos outros de capitais brasileiras abriram o alto da primeira página com uma tarja preta sobre o qual havia caracteres brancos com a inscrição “Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Uma campanha em defesa do jornalismo profissional ”.
Evidentemente, não foi por acaso. Como escreveu o Estadão em seu editorial, na página 3, “Nunca, desde a redemocratização, foi tão importante celebrar este Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. A crise é global, mas no Brasil é particularmente aguda”.
Ainda de acordo com o mencionado jornal, que circula desde 1875, “Democracia e liberdade de expressão são tão visceralmente ligadas que é impossível dizer qual é a causa e qual é a consequência. Não surpreende que as instituições que as encarnam —o Estado de Direito e a imprensa independente —estejam sob pressão”.
Já a Folha de S. Paulo deu números: “De acordo com o mais recente relatório da Federação Nacional dos Jornalistas, em 2021 foram registrados 430 casos de ataques à liberdade de imprensa no país, o que inclui episódios de censura (33%)”.
“A liberdade de imprensa está sob ataque. Defende-la é dever de todos os que zelam pela jovem democracia brasileira”, afirma Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha.
Institutos responsáveis por monitorar liberdades apontam unanimemente uma recessão de democracia do mundo. Segundo a Freedom House (em livre tradução, Casa da Liberdade) só 13% da população mundial goza de uma imprensa livre.
Feitas estas considerações de ordem nacional e internacional, ou seja, no aspecto macro, vale a pena refletir sobre esta mesma questão no plano micro.
A pergunta é: jornais do interior também são atingidos por estrições à liberdade de imprensa?
A resposta é: claro que sim. Só que as armas utilizadas não são tão escancaradas como acontece no andar de cima.
Aqui embaixo, na planície, os donos do poder não vão diretamente para o confronto, até procuram disfarçar, mas acabam deixando impressões digitais, valendo-se de artimanhas como, por exemplo, a mais conhecida—boicote econômico.
Prestes a completar 51 anos de circulação ininterrupta, o Jornal de Jales só não foi a pique porque sempre teve o apoio de seus assinantes, anunciantes e leitores, aos quais é eternamente grato.
Viva a liberdade de imprensa!

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