O mundo civilizado foi sacudido nos últimos 30 dias com a circulação da notícia do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips.
As circunstâncias das mortes ecoaram pelo planeta, eis que a questão envolvia a Amazônia, pulmão verde do mundo, mas cenário de tentativas de invasão de malfeitores da pior espécie dispostos a tomar dos indígenas que lá estão desde o descobrimento do Brasil aquilo que lhes pertence.
A eliminação do indigenista e do jornalista atribuída a três pescadores mal alfabetizados não serviu para abafar o caso na medida em que se sabe que o buraco é mais embaixo. Ou seja, a se julgar pelo que dizia Bruno antes de morrer, tem bestas feras de alto poder de fogo agindo por lá.
Não é segredo para ninguém que disputam o controle daquela valiosa área desde garimpeiros sem escrúpulos até traficantes internacionais com base de negócios escusos nos países fronteiriços à floresta.
E, perguntaria o leitor: por que abordar em um jornal regional assunto já explorado à larga em todos os jornais do mundo e objeto de força-tarefa policial e observação da mídia internacional?
Muita coisa, a saber. Nem todos têm conhecimento, mas o modus vivendi de indígenas e populações ribeirinhas nos rios e igarapés da Amazônia está no radar da Missão Univida, com partida prevista para janeiro de 2023.
De caráter humanitário, criada por um sacerdote católico da diocese de Jales, o padre Eduardo Lima, a Missão Univida tem concentrado seus esforços, até agora, no apoio a indígenas em Dourados-MS.
Trabalhando atualmente em Fernandópolis, padre Eduardo idealizou a Missão Univida ao tempo em que era pároco da Igreja Matriz de Urânia, portanto a 10 quilômetros da sede da diocese.
Constituída por universitários e profissionais da área de saúde, a Univida traz em seu bojo a mensagem prática da fraternidade sob a forma de atendimento a quem mora, sob certo aspecto, fora da civilização.
Não foram poucas as vezes em que o Jornal de Jales dedicou amplo espaço antes e depois das 10 missões Univida anteriores, por considera-las, antes de mais nada e sobretudo, a reafirmação de que a fé só vale se acompanhada de obras.
Por outro lado, também já foi registrado no J.J. o impacto sobre a visão de mundo dos participantes das edições da Missão Univida. Em bom português, os voluntários passam a enxergar a vida sob outro prisma.
Mas, voltando ao padre Eduardo, vale a pena reproduzir o que ele escreveu em texto publicado pelo J.J. na edição de domingo passado, 3 de julho, sobre os preparativos da Missão na Amazônia, prevista para janeiro.
“Para organizar as muitas atividades de uma Missão Univida na Amazônia, me desloquei mais de dois mil quilômetros, cortando o Brasil, encurtando o tempo de viagem, usando aviões. O deslumbramento iniciou-se quando, próximo a Manaus, observei o serpentear do Rio Amazonas. E só aumentou quando, em vôo de Manaus até Maués, em aeronave pequena, sobrevoei a floresta.”
Os parágrafos finais do texto do sacerdote foram arrebatadores: “Após dias intensos de trabalho e enlevo, cansado, mas satisfeito por tudo o que vivenciei, retornei à minha casa, com toda a estrutura organizacional da 3ª Missão Univida Amazônia pronta. Quando lá estou, sinto-me mais perto da paz, de Deus”