Transcorridos oito dias do segundo turno da disputa pela presidência da República e por governos estaduais, inclusive o de São Paulo, chegou a hora da reconciliação.
Pode até parecer exagero, mas a disputa acirrada pelo cargo de máximo mandatário do país adquiriu contornos que, por conta de desinteligências em grupos de WhatsApp, atingiram níveis que beiraram a irracionalidade.
Em razão de preferências exageradas por Luiz Ignácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL), os ânimos ficaram tão exacerbados que até famílias, mais sagrado espaço de comunhão e congraçamento, racharam.
No dia-a-dia, amigos deixaram de se falar como se a vitória ou derrota dos candidatos fosse o começo e o fim do mundo, como se não houvesse amanhã.
Em Jales, algumas ações foram reprováveis. Terminado o 1º turno, uma lista apócrifa rolou nas redes sociais com os nomes de empresas que deveriam ser boicotadas em razão da preferência de seus donos por Bolsonaro.
Concluído o 2º turno, outra lista , desta vez atribuída a bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição, sugeria boicote a casas comerciais supostamente comandadas por simpatizantes e eleitores de Lula.
Como Jales é a versão microscópica do país continental chamado Brasil, não é difícil imaginar o que aconteceu em centros maiores, onde até homicídios foram registrados em decorrência do clima de vale-tudo, como foi fartamente noticiado em grandes veículos de imprensa.
À guisa de ilustração do MMA eleitoral, vale transcrever o que disseram cientistas políticos e historiadores em entrevista à Folha de S. Paulo (03/11), segundo os quais não é exagero retórico classificar a eleição presidencial de 2022 como um momento sem precedentes da história brasileira.
Por exemplo, Vitor Marchetti, professor do Centro de Modelagem e Ciências Aplicadas da Universidade Federal do ABC, pontuou: “não se pareceu com nada do que se viu em outras eleições democráticas no Brasil”.
Só que a disputa eleitoral terminou em 30 de outubro. Agora, o melhor caminho é o da reconciliação entre quem se desentendeu durante a campanha.
Afinal, eleições livres são a essência da democracia e não briga de rua. É hora de desarmar os espíritos e torcer para que os eleitos façam jus aos milhões de votos que receberam.