“Puxa, está faltando mulher aqui, hein gente…”. A constatação foi da vereadora Carol Amador (MDB) ao participar de encontro com o deputado estadual licenciado Itamar Borges, secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, dia 28 de fevereiro.
A observação da vereadora tinha tudo a ver. Das 30 pessoas presentes, entre as quais colegas de partido e correligionários de Itamar, mas também amigos pessoais de longa data que não tinham nada a ver com política, além de profissionais de imprensa, a única mulher na mesa era Carol.
Na verdade, a constatação dela faz o maior sentido principalmente porque estamos a dois dias da data em que se convencionou denominar de Dia Internacional da Mulher.
Vamos aos fatos. Se na atividade profissional de Carol, a enfermagem, predominam as mulheres, o contrário é verdadeiro na seara política.
Como foi comentado nesta mesma coluna (J.J. 13/02/2022), desde que a cidade foi fundada pelo engenheiro Euphly Jalles, em 15 de abril de 1941, a presença das mulheres na atividade político-partidária tem sido pífia, para dizer o mínimo.
Embora, segundo o IBGE, as mulheres constituam a maioria do eleitorado apto para votar no município, só três mulheres conseguiram chegar lá na última eleição —a já referida Carol, segunda mais votada para o Legislativo, a colega Andrea Moreto (Podemos) e como companheira de chapa do prefeito eleito Luís Henrique dos Santos Moreira, a vice-prefeita Marynilda Cavenaghi Nacca.
A questão não é de agora, mas histórica. Até hoje, além das atuais vereadoras, só mais quatro mulheres lograram conquistar cadeiras no Poder Legislativo, que é considerado a casa do povo —Hilda Elias Rochel de Souza, na primeira legislatura, Esmarlei Henrique de Carvalho Melfi, nos anos 80 e início dos 90, Aracy Murari e Pérola Cardoso, nos anos 90 e 2000.
Na verdade, o problema não é de Jales, mas do país. Contas das femininas feitas no dia 1º de março e publicadas pela jornalista Sônia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo, indicam que as mulheres hoje são 52% do eleitorado brasileiro, têm 50% do total de filiados a partidos….e só 15% dos cargos na política nacional.
O Brasil ocupa, pasmem, o 145º lugar entre 187 países, no ranking das mulheres eleitas ao parlamento. Nas Américas, só está à frente de Belize e Haiti. É o que aponta o Mapa das Mulheres na Política 2020, preparado pela ONU e pela União Interparlamentar (UIP).
Tem jeito de mudar este quadro? Tem sim. A professora Lígia Fabris, da FGV Direito Rio, se junta ao Consulado dos Estados Unidos e ao Fórum Mais Mulheres na Política para criar o curso “Formação Política para Mulheres”, com aulas via Zoom, uma vez por semana, a partir do dia 7 de abril.
Este é o primeiro passo para que as mulheres passem a ocupar o lugar que lhes cabe na vida política. Leia-se nos centros decisórios nacionais.