Ao longo dos seus 50 anos de circulação ininterrupta, o Jornal de Jales sempre reservou caudalosos espaços para a cobertura de assuntos político-administrativos.
Esta linha editorial tem a ver com o fato de que, goste-se ou não de política, no regime democrático tudo passa pelo crivo e pelas mãos dos políticos.
Tanto isso é verdade que, desde que a primeira edição circulou, o jornal sempre desfraldou a bandeira da representatividade política com o argumento irrefutável de que, situada a centenas de quilômetros dos centros decisórios—588 de São Paulo e 750 de Brasília — Jales só seria ouvida se a população elegesse homens públicos dispostos a fazer chegar suas demandas aos gabinetes de quem manda.
Entretanto, o reconhecimento da existência e da importância da chamada classe política, não implica em fechar os olhos para episódios que, de alguma conforma, contrariam o tão proclamado interesse público.
Assim, o J.J. optou pelo caminho de sempre, o da independência editorial, para cobrir o assunto que está na boca do povo desde que os carnês do IPTU recheados com novas taxas e contribuições começaram a chegar aos domicílios.
Como seria de se esperar, a esmagadora maioria da população reagiu, considerando abusivo o preço impresso nos carnês do imposto cuja primeira parcela vence na próxima quinta-feira, dia 10 de fevereiro.
Os alvos da insatisfação dos contribuintes são o Chefe do Executivo e os sete vereadores que aprovaram o Projeto de Lei Complementar nº350/2021 levando o professor Luís Especiato, na condição de cidadão, a questionar o ato legislativo no Ministério Público e instituições como o Fórum da Cidadania, composto por 17 entidades, e a Subseção de Jales da OAB, que também integra o Fórum da Cidadania, a se manifestarem na defesa de quem se sentiu prejudicado.
O que não se imaginava era que a Câmara Municipal, historicamente conhecida como a Casa do Povo, ao invés de reconhecer que o assunto realmente comporta revisão, baixasse ato impedindo o acesso dos contribuintes às suas galerias por tempo indeterminado.
Ignorando que estão em pleno funcionamento as escolas com aulas presenciais, os templos religiosos, os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, a direção da Câmara invocou a preservação da saúde da população para tornar suas reuniões remotas. Ou seja, sem público.
Com o devido respeito que os vereadores merecem pois foram eleitos pelo voto popular, tirar o povo de sua casa mais representativa é caminhar na contramão da história.
O Editorial reflete a opinião deste jornal