A história particular de Jales, mosaicizada por ilustres exemplaridades, inclui, humildemente, a figura bonita e pouco conhecida de um homem extraordinário: o Padre Matheus, missionário assuncionista holandês, Servo de Deus. Esta descoberta exige percorrer seus passos, com reverencia e amorosa atenção, à procura dos vestígios históricos do servo de Deus, o padre Matheus de Pinhal, como hoje é chamado, em processo de beatificação.
O Padre Matheus nasceu na Holanda, aos 05 de julho de 1915. Entrou para a Congregação dos Agostinianos Assuncionistas, ainda na adolescência, tendo recebido uma educação esmerada de seus pais, o Sr. Cornelis e a Sra. Ardina. Fez os seus estudos na Bélgica (Louvaina e Bergeijk) e foi ordenado aos 27 anos. Veio em missão para o Brasil permanecendo, na primeira fase, nesta região então pertencente à Diocese de Rio Preto. Colaborou com a formação de seminaristas, trabalhou na formação de leigos e atuou em diversas paróquias.
Em 1953, o Padre Matheus partiu em missão para o ex-Zaire, hoje, a República Democrática do Congo, e lá colaborou na missão apostólica da sua Congregação na companhia do seu consanguíneo, o famoso Irmão Estêvão van Herkhuizen. De volta ao Brasil, no contexto da iminente guerra da independência do Congo, se instalou em Espírito Santo do Pinhal-SP, onde trabalhou até o fim da vida como cooperador do Mons. José Fuccioli, então vigário da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. Vítima de um infarto fulminante, faleceu em 15 de abril de 1973, data tão significativa para Jales.
O seu processo de beatificação transcorre na Diocese de São João da Boa Vista-SP sob a postulação do Dr. Paolo Vilota. Os trabalhos de investigação sobre as virtudes da fé, vividas pelo missionário europeu, continuam avançando. Surgem evidências da santidade na vida e no ministério do Padre Matheus. A sua reputação de santidade, existente ainda em vida, hoje é testemunhada pela devoção sustentada por cinco décadas, na frequência dos fiéis e devotos ao seu túmulo no Cemitério dos Padres, na oferta de flores e nas inúmeras placas com atribuição de graças alcançadas por intercessão do Servo de Deus.
Conhecer o Padre Matheus significa percorrer cenários de uma história maior, a da Família Assunção. Em Jales, por décadas, foram escritas páginas revolucionárias, com recursos insuficientes, mas, com vidas inteiramente doadas, de Missionários e Consagrados, de Assuncionistas e Oblatas, de Irmãzinhas da Assunção, Leigos e Catequistas, e de pessoas de boa vontade, que se lançaram todos no sertão para fazer emergir uma diocese missionária, urbana, próspera, e evangelicamente significativa para a Igreja e a sociedade.
Saborear esta história, e por ela ser incluído, é dom e responsabilidade. Ela é fruto do trabalho da Divina Providência em cada pessoa apaixonada pelo Reino de Deus e aberta à fecundidade do seu amor. É, pois, uma provocação evangélica por uma militância lúcida na construção de uma civilização digna de Deus e, assim, digna do ser humano. Sua fisionomia é Cristo, numa cultura que promove a vida para que ela “seja abundante para todos” (Jo 10,10).
Pe. João Gomes, A.A.
Subpostulador do processo de beatificação do Padre Matheus