Bruno Gabaldi
Nas últimas semanas, vários ataques envolvendo cães da raça pitbull foram registrados no Rio de Janeiro/RJ, Mogi Mirim/SP, Estrela d’Oeste/SP e Fernandópolis/SP.
Para contextualizar, em Estrela d’Oeste, uma mulher, que não teve identidade divulgada, foi atacada por dois cães pitbulls no dia 12 de abril. Segundo as informações, ela sofreu ferimentos em várias partes do corpo, sendo os braços mais atingidos pelos cães. A vítima foi socorrida e encaminhada ao Pronto Socorro da Santa Casa de Estrela d’Oeste.
A Polícia Militar atendeu a ocorrência e registrou um boletim de ocorrência e a Polícia Civil segue investigando o caso.
Ainda de acordo com as informações, o Grupo de Vigilância Epidemiológica – GVE de Jales – foi acionado e liberou o soro contra a raiva. Foram feitos os curativos e ela já recebeu alta hospitalar.
A secretária municipal de Saúde, Denise Bessa, informou que a munícipe atacada pelos cães vai continuar sendo acompanhada pela Saúde do município.
Em Fernandópolis, um cachorro foi brutalmente atacado por um pitbull no bairro Universitário no dia 12. O cão está em estado grave internado no hospital veterinário da Universidade Brasil.
Além disso, em Mogi Mirim, um pitbull atacou e matou com mordidas no pescoço o próprio dono. Segundo as informações, a vítima era epilética e, de acordo com a polícia, o homem foi atacado durante uma crise de epilepsia. Um guarda municipal, vizinho da família, ouviu os gritos e, na tentativa de prestar socorro, matou o animal com um tiro.
Vale lembrar que no início deste mês, a escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi alvo de um ataque semelhante em Saquarema, no Rio de Janeiro, e teve de amputar o braço.
Ela foi atacada por três cães pitbull quando caminhava pela rua. Ela sofreu ferimentos graves e perdeu o braço direito após o ataque. Três pessoas que cuidavam dos cachorros foram presas em flagrante no mesmo dia da ocorrência. Roseana Murray recebeu alta hospitalar na última quinta-feira, dia 18.
ESPECIALISTAS
Em entrevista ao Jornal de Jales, o médico veterinário Ivan Cássio Almeida de Rosa, explicou que o pitbull, em geral, é considerado um cachorro agressivo, porém muito mais com outros animais do que com pessoas.
Segundo ele, o nível de agressividade está relacionado com a genética do animal, até por existirem linhagens mais agressivas e linhagens dóceis. “Em alguns países, o pitbull está proibido. Os registros de ataques acontecem porque algumas pessoas não obedecem às normas de segurança. Por exemplo, em algumas cidades e estados, esses animais devem utilizar focinheira e guias adequadas”, explicou Ivan.
O médico veterinário disse que infelizmente o cão ainda é utilizado em rinhas. “Não existe tratamento, mas sim manejo com o pitbull. O adestramento pode colaborar. As recomendações da veterinária em relação ao pitbull é de que procure identificar as questões de comportamento e evite reproduzir animais que tenham nível alto de agressividade”, disse.
De acordo com o que o adestrador de Jales, Carlos Alberto Lino, que tem 27 anos de profissão, explicou à reportagem, o pitbull pode ser adestrado e o ideal é que o tutor faça esse trabalho antes dele se tornar um cachorro agressivo, quanto mais novo, melhor.
“É um cão que tem muita procura para que seja adestrado. Se o cão for adestrado, não necessita utilizar focinheira”, disse Carlos.
O adestrador reforçou que uma maneira de evitar ataques é realizar um treinamento de prevenção ou controle de agressividade no cão. “Quando perceber que pode ser atacado, você deve evitar contato visual com o cão, evitar movimentos bruscos e o contato com ele. Evitar ameaçar e, se perceber que mesmo assim ele dá indícios de que vai avançar, se conseguir correr e subir em algum lugar seguro seria o ideal”, explicou Carlos Lino.
Ele finalizou dizendo que, se a pessoa já estiver sendo atacada por um pitbull, o máximo é tentar proteger as partes mais letais como o pescoço, ficar em uma posição formato de “concha”, protegendo com os braços a face.
LEGISLAÇÃO
É importante lembrar que o estado de São Paulo possui a Lei nº 11.531/2003, que estabelece regras de segurança para a posse e condução responsável de cães das raças pitbull, rottweiler e mastim napolitano. A lei torna de inteira responsabilidade do dono do animal mantê-lo em condições adequadas de segurança que impossibilitem a sua fuga.
Além disso, já está em vigor em Santa Fé do Sul a Lei Nº 4.661, que estabelece regras de segurança para a condução responsável de cães. De acordo com ela, a condução em vias públicas exige a utilização de coleira, guia curta de condução, enforcador e focinheira de grade. A infração irá penalizar o tutor do animal em multa no valor equivalente a R$ 541,16, aplicada em dobro, no caso de reincidência, por uma única vez.
Em Fernandópolis, essa lei foi aprovada no ano passado. O não cumprimento dessas regras, na cidade, pode ocasionar multa de R$ 349,03 e, em caso de reincidência, o valor será dobrado.