Giana Rodrigues

A humanização dos animais domésticos e seu papel cada vez mais importante nas famílias, tem levado os tutores a comportamentos antes inimagináveis.

Atualmente estão disponíveis para os donos de animais espaços conhecidos como creches e hotéis, que recebem os animais para passar o dia ou dormir na ausência dos tutores.

Em 2021, segundo a ABINPET, a procura por creches para animais teve um aumento de 200% e um faturamento de aproximadamente R$ 49,9 bilhões ao ano.

Seguindo uma tendência nacional de crescimento, principalmente após a pandemia, em Jales não acontece diferente.

Segundo o consultor do Sebrae-SP Aldo Batista, o crescimento se dá por diversos fatores, mas em especial pelo aumento do número de animais de estimação nos lares, a humanização dos pets e a crescente preocupação com o bem-estar deles.

Ele explica também que, após adquirir um animal, o tutor passa, em média, dez anos com ele e que atualmente, muitas pessoas tem adotado outro pet nesse meio tempo, por perceberem que gostam muito ou para fazer companhia para o primeiro.

CRECHE

O ANS Park Hotel falou ao Jornal de Jales sobre suas atividades: “muitos tutores esbarram na questão de viajar por causa de seus pets e ter essa opção do hotel para deixá-los, traz liberdade ao dono de animais”, explicou Marinalva Ribeiro Neto, responsável pelo empreendimento.

Seu marido André Nascimento da Silva passeia com cachorros desde os 18 anos já posava na casa das pessoas com os cachorros, ou ficava com eles em sua casa, porque não havia hotel na cidade. “Foi então que em 2010 surgiu nossa ideia de montar um hotel para pet, graças a Deus hoje somos referência na cidade e na região, desde 2015 quando adaptamos o ambiente totalmente para eles”, conta Mari.

Os administradores moram no local e não trabalham com baias e gaiolas: “eles ficam todos soltos, é um diferencial nosso. Costumo dizer que abrimos mão da nossa vida social para ter o hotel, os pets não ficam sozinhos, o hotel é um complemento da casa deles”.

Acostumados a lidar com os animais eles afirmam que não há idade para o adestramento e socialização do pet.

O objetivo da creche é que o animal gaste energia com as brincadeiras e seja socializado: “se precisar nós levamos para passear também, eles têm contato com os outros cachorros da escola, aquele cachorro que é acostumado a dormir dentro do quarto, dorme no meu quarto.

O ambiente é seguro, não temos problemas de parasitas. Quando o animal chega fazemos uma adaptação com os outros e todos são dóceis e sociáveis e convivem juntos. Nosso espaço é regado de muito amor e carinho, gostamos do que fazemos e acredito que seja por isso que dá muito certo”, completa Mari.

O local acolhe não somente os convencionais cachorros e gatos, mas também papagaios, calopsitas e peixes.

DEPOIMENTO:

A Carmel foi adotada em março de 2021, 2 meses após a perda da nossa primeira cachorra Amelie.

Nós jurávamos que não queríamos mais cachorro, até ver a foto dela em um anúncio no Instagram da ONG Vida Lata em Goiânia.

A partir daquele momento ninguém tirou da minha cabeça que ela seria minha.

Ela já tinha 5 meses e a tutora da ONG falou que por ela ser caramelo, existia um preconceito, e assim não era adotada. Quando isso acontece as ONGs procuram lares temporários (no total foram 4 para ela) até concluir a adoção.

Busquei todas as opções para trazê-la até Jales e foi graças ao aplicativo de carona BlaBlaCar que finalmente há 3 anos Carmel tem uma família para chamar de sua.

Porém, devido a adoção tardia e essa falta de vínculo até os 5 meses, ela é uma cachorra com ansiedade de separação.

Hoje ganha todo amor que merece, mas quando nos afastamos sofre, achando que não voltaremos para buscá-la. Foi então que junto da Mary, que faz um trabalho lindo com a creche Ans Park, resolvi deixá-la 3 vezes por semana meio período para que ela tivesse uma socialização e a percepção de que a gente deixa, mas a gente busca!

A princípio ela não socializou e tentou pular o portão algumas vezes.

Mas como os próprios animais nos ensinam, foi através do amor e da paciência de Mary, Carol e Adriana que hoje após 3 meses de adaptação ela é uma outra cachorra na creche.

Claro que seus traumas e ansiedades ainda existem, mas lá ela descobriu que pode confiar e se entregar para pessoas que tem o coração tão grande e caridoso quanto o dela.

Que possamos crescer com o que os animais tem na essência para nos ensinar, e que cada dia mais apareçam muitas Maris que fazem do seu trabalho algo muito além do profissional, é preciso ter pureza, altruísmo e amor para receber a confiança deles.

ALESSANDRA LONGO CRAVEIRO ANDRADE
(Tutora da cachorrinha Carmel)

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