Com o objetivo de fortalecer a parceria entre o Ministério da Agricultura e o setor privado para ampliar as exportações de produtos agrícolas e pecuários, Júlio Ramos, Secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério esteve em Jales na sexta-feira, dia 10. Ao visitar a redação do Jornal de Jales a convite da equipe do semanário, Ramos falou sobre o potencial das empresas locais e regionais, e a importância da proximidade com os empresários para o incentivo cada vez maior às exportações. Ele declarou que em sua passagem pela região pôde dialogar com empresários e visitar plantas frigoríficas, engenho e laticínio que fornecem produtos para mercado internacional. (GR)
J.J. – Pode compartilhar com nossos leitores um pouco do seu roteiro pela região?
Júlio Ramos: A visita começou em Jales, cidade reconhecida por sua forte vocação no agronegócio, nas unidades da Fuga Couros, BBM Frigojales e New Brand Trading Company Ltda. Ambas as plantas frigoríficas já comercializam sua produção no mercado internacional e têm potencial de ampliar ainda mais suas participações no comércio do exterior. Tive a oportunidade de dialogar com os empresários Jefferson Lisboa (BBM Frigojales), Fabrício Fuga (Fuga Couros) e Clayton Chaves (New Brand Trading Company), conhecendo em detalhes os processos produtivos de cada empresa e debatendo de que forma o Ministério pode auxiliá-los.
J.J. – Quais os principais objetivos da sua visita à nossa região?
Júlio Ramos: Sem dúvida o fortalecimento da parceria entre o Ministério da Agricultura e a iniciativa privada que é fundamental para aproveitar o crescente interesse do mercado internacional pelos produtos do agro brasileiro. Este diálogo estratégico pode significativamente ampliar a presença dos nossos produtos nos supermercados ao redor do mundo.
J.J. – Quais as principais considerações sobre a sua visita?
Júlio Ramos: Nosso noroeste paulista é muito forte na agricultura e pecuária. Estar na ponta, ouvindo e conhecendo as realidades locais, facilita a vida do gestor público. Foi um prazer enorme estar em Jales, testemunhando a pujança dessa cidade em termos de agroindústria. Fiquei feliz por ter sido acompanhado por um grande amigo e gestor, Flávio Prandi Franco (Flá) e por ter no ministério, em nosso time, o jalesense Bruno Guzzo, que vem realizando um trabalho brilhante dentro do Gabinete, articulando e fazendo a interface com delegações estrangeiras, embaixadas e imprensa, além de contribuir no dia a dia da secretaria.
J.J. – Que ações atuais do Ministério estão sendo importantes para abrir novos caminhos?
Júlio Ramos: Junto ao ministro Carlos Fávaro e ao secretário Roberto Perosa, estamos empenhados em expandir ainda mais o acesso dos produtos brasileiros ao mercado internacional. Nos últimos 16 meses, conseguimos abrir 119 novos mercados em 50 países, um claro indicativo do nosso compromisso e do potencial que ainda podemos explorar. Temos 29 adidos agrícolas (profissionais responsáveis pela ampliação de mercados no exterior) espalhados pelo mundo fazendo a interface Brasil/exterior, eles estão lá para fazer essa conexão. Até o final do ano queremos ter 40 profissionais destes.
J.J. – O Brasil é bem visto no exterior por seus protocolos sanitários?
Júlio Ramos: Sim, hoje a gente tem auditores fiscais agropecuários trabalhando dia a dia para garantir a segurança nos nossos alimentos. Temos a Embrapa que também está distribuída pelos estados, temos várias Teremos também um projeto de reindustrialização do nosso país que está sendo liderado pelo Geraldo Alckmin que é grande conhecedor dessa região, já esteve em Jales diversas vezes e este projeto vem agregar valor, gerando empregos.
J.J. – Como empresas que querem exportar devem proceder?
Júlio Ramos: As empresas podem inicialmente procurar a Apex Brasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que oferece uma série de programas e serviços de apoio à exportação, como estudos de mercado, participação em feiras internacionais e missões comerciais. Além disso, a Apex Brasil atua na capacitação de empresas por meio de treinamentos específicos sobre o processo de exportação.
Além desse contato, seria importante a empresa também se relacionar com a Associação que a representa, para obter orientações específicas do setor. A associação, bem como a Apex Brasil, possui importante diálogo e cooperação com o Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais. Essa colaboração entre a Apex Brasil, as Associações de exportação e o Ministério assegura que as empresas recebam um suporte completo e coordenado para conquistar mercados internacionais.
J.J. – Poderia explicar o Programa de Recuperação de Pastagens que será implantado no Brasil?
Júlio Ramos: Ano passado lançamos o maior programa de recuperação de pastagens do mundo. Hoje da área territorial do Brasil cerca de 66% são matas nativas/ florestas, 7,6% ocupados pela agricultura e aproximadamente 17% que são as pastagens. Identificamos que 40 milhões de hectares, que é o tamanho da França inteira, são áreas que estão degradadas. Consumindo cinco vezes mais água, emitindo carbono, então para recuperar essas áreas lançamos o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas – com fundos estrangeiros, sem dinheiro público, com investimento de bancos e setor privado – são cerca de 120 bilhões de dólares para que em 10 anos a gente recupere esses solos. É uma necessidade recuperar o solo, fazer a integração lavoura/pecuária, pecuária/floresta, pois o estudo da Embrapa é muito claro: em uma área hoje de 100 hectares em que você tem 60 cabeças de gado, essas mesmas cabeças – você consegue criar em 20% da área, e nos outros 80% você consegue plantar ou erguer florestas.
CONSIDERAÇÕES
Em entrevista à rádio Antena 102, o secretário já havia enaltecido a situação atual do país: “Estamos num momento do Brasil em que temos a chance de dobrar nossa produção de alimentos, recuperando e dando eficiência a áreas degradadas, provando o quanto o Brasil é sustentável. Isso tem a ver com o combate à insegurança alimentar no mundo. Brasil tem uma vocação para a agricultura, somos muito bons nisso e temos que ter muito orgulho. Feliz por ver a região do noroeste paulista sendo tão representativa no setor da agricultura”.
Na sequência, o secretário visitou Mirassol, onde está localizado o Engenho Dom Tapparo, uma destilaria de cachaça gerida pela terceira geração da família Tapparo. Com os renomados produtos da linha “Cabaré”, a destilaria, que inicialmente visava apenas o mercado local, expandiu suas atividades para o internacional, com foco na Europa. Contribuindo significativamente para o aumento das exportações, o Engenho Dom Tapparo faz parte do sucesso brasileiro no setor, que no último ano exportou mais de US$ 20 milhões em cachaça para cerca de 100 países.
Encerrando a missão, a equipe do Ministério da Agricultura visitou a unidade da Tirolez em Monte Aprazível, uma das marcas de lácteos mais tradicionais do país. A empresa produz mais de 30 tipos de produtos e emprega 1800 colaboradores em todo o Brasil. Atualmente, apenas 1% da produção total de queijos é exportada, destinando-se a mercados como Estados Unidos e países da África. No entanto, a meta da Tirolez é aumentar essa participação para 10% no médio prazo.