ENTREVISTA DA SEMANA
A história da professora Rosalina de Lázaro, uma das 10 finalistas do Prêmio Educador Nota 10, daria um livro, tantas são as nuances. Formada em Educação Física pela Funec (Santa Fé do Sul) e Pedagogia (Pereira Barreto), ela tem pós-graduação em Treinamento Desportivo e Educação para a Diversidade Étnico Racial pela Universidade Federal de São Carlos.
Rosalina iniciou sua carreira em escolas públicas estaduais e municipais de Goiás. Voltou ao Estado de São Paulo em 1990, morando e trabalhando em Votuporanga como professora de ginástica e hidroginástica no Assary Clube de Campo e Votuporanga Clube, além de lecionar em escolas ministrando aulas de educação física. Em 2007, pediu remoção para a Diretoria de Ensino de Jales, tendo lecionado em escolas municipais e estaduais em Jales, Urânia, Santa Salete, Vitória Brasil e Mesópolis.
Rosalina se aposentou na Escola Estadual Onélia Faggioni Moreira, em 2019, porém continua trabalhando na EE José dos Santos, em Aspásia, cidade onde passou sua adolescência. Eis a íntegra da entrevista exclusiva ao Jornal de Jales.
J.J. – Desde quando a senhora é docente no magistério oficial?
Rosalina – Desde 1986, mas só me efetivei no Estado de São Paulo em 2000 na EE Esmeralda Sanches da Rocha em Votuporanga.
J.J. – Por que escolheu a educação física como área de atuação?
Rosalina – Eu escolhi a Educação física devido a minha fascinação pelo pela Ginástica e pelo Atletismo. Éramos três irmãos de idades próximas e participávamos dos campeonatos escolares quando crianças, tínhamos o sonho de participar das Olimpíadas, apesar de ter consciência da realidade difícil em que vivíamos na época, tínhamos uma família muito unida e a prática de esportes fazia parte da nossa rotina. Hoje somos os três professores de Educação Física. Inclusive o professor João de Lázaro que foi meu parceiro neste projeto, colaborando com atividades nas aulas de Cultura do Movimento.
J.J. – De onde surgiu a ideia de desenvolver o tema “Brincadeiras de Quintal”?
Rosalina – Surgiu de uma conversa com os alunos. Começamos comparando as brincadeiras antigas com as formas de brincar das crianças de hoje e decidimos aprofundar no assunto através de entrevistas com pessoas idosas. Foi quando eu decidi elaborar um projeto mais abrangente para obter uma aprendizagem mais significativa.
A prática de jogos e brincadeiras populares faz parte da prática pedagógica em minhas aulas desde o ensino fundamental até o Ensino Médio, pois acredito que não existe idade para brincar. A riqueza de conhecimentos que podemos adquirir utilizando uma simples brincadeira vai desde o conhecimento das diferentes culturas e a ampliação vocabulário até a melhoria das capacidades físicas e habilidades motoras.
J.J. – Os alunos participaram ativamente do processo de construção do projeto?
Rosalina – Participaram ativamente, dando sugestões de brincadeiras, escolhendo quem deveria ser entrevistado e os ambientes que deveriam ser utilizados para as atividades. A participação dos familiares foi fundamental para o sucesso na realização e no incentivo à participação de todas as atividades.
J.J. – Quem a incentivou a concorrer ao Prêmio Educador Nota 10?
Rosalina – O diretor Amauri Bassetto, e a vice-diretora Alessandra Manoel Porto foram os principais incentivadores, e a coordenadora Adelita Matoso me deu todo o suporte pedagógico e apoio técnico para que eu continuasse o projeto até a inscrição no Prêmio Educador Nota 10.
J.J. -A senhora se surpreendeu quando soube que estava entre os 10 finalistas?
Rosalina – Eu me surpreendi sim, quando soube que estava entre os 10 finalistas porque, para mim, estar entre os 50 melhores educadores já era muito gratificante. Afinal, uma escola tão pequena, um projeto tão simples, concorrendo com educadores de todo o país não seria fácil, mas, no fundo, havia uma esperança.
J.J. – Como os colegas de escola e a comunidade reagiram quando tiveram notícia da conquista?
Rosalina – Quando recebemos a notícia da conquista do prêmio, meus gestores e eu choramos feito crianças, fomos contar aos alunos que ficaram eufóricos. Foram gritos e saltos de alegria. Muito emocionante! A comunidade que ficou sabendo pelas redes sociais, onde esteve sempre engajada com o projeto, tem nos enchido de carinho. Por onde eu passo tem alguém com uma palavra amiga, um elogio. É uma cidade inteira unida festejando este prêmio. Na verdade, o mérito é de todos.
J.J. – A senhora acredita que o projeto possa lhe dar o título de campeã nacional?
Rosalina – Eu acredito que o projeto possa me dar o título de campeã sim. Claro! Pois os alunos realizaram atividades orais, escritas, desenhos, além das atividades práticas; utilizamos as tecnologias e mídias digitais, teve evidências de aprendizagem, teve engajamento da maioria dos alunos e familiares e foi realizada uma avaliação que comprova que os alunos aprenderam. E é um projeto que atingiu toda uma comunidade. Estou com muita esperança. Vamos torcer!