O nome do médico infectologista Maurício Kenzo Maruyama tornou-se familiar aos ouvintes de rádio e leitores de jornais e sites no auge da pandemia de Covid-19. Tendo em vista a importância do seu trabalho, ele foi procurado pela reportagem para falar a respeito de sua formação e da especialidade. Médico infectologista da Santa Casa de Jales, trabalha no serviço de assistência especializada em infectologia em Santa Fé do Sul (SAE – Santa Fé do Sul), bem como infectologista na Secretaria de Saúde de Jales com ênfase na Vigilância Epidemiológica e, por fim, no Serviço de Infecção Domiciliar e Hospitalar do Grupo CENE de São José do Rio Preto. Fora do serviço público ele também atende na clínica Vida com Ozônio – Saúde Integrativa. Ele tem como formação de Residência Médica no Hospital Heliópolis em São Paulo e sub-especialização em transplantes de órgãos sólidos e medula pela Escola Paulista de Medicina e Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo.
J.J. – Em síntese, o que é a Infectologia?
Dr. Maurício – A Infectologia é a especialidade médica que estuda as doenças infecciosas e parasitárias, assim como a forma que elas afetam o indivíduo. A maior parte do tempo, especialistas em Infectologia se dedicam ao cuidado e tratamento de doenças causadas por bactérias, fungos, protozoários e outros microorganismos. Com a pandemia da Covid-19, essa especialidade ganhou muito destaque.
J.J. – Em quais situações o médico infectologia pode ser acionado?
Dr. Maurício – O profissional infectologista pode ser acionado para atuar em diferentes áreas, como por exemplo:- atendimento hospitalar, atendimento ambulatorial gestão em saúde, vigilância epidemiológica, diagnóstico e tratamento de epidemias, controle de infecção hospitalar, vigilância sanitária, programa de políticas de saúde , protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.
J.J. – A Infectologia estuda algum órgão específico?
Dr. Maurício – A Infectologia não estuda uma parte específica do corpo humano ou apenas um método diagnóstico. Sua função compreende tanto os seres vivos quanto os ambientes em que habitam. Dessa forma, é possível entender como os diversos tipos de infecções agem em diferentes corpos, ambientes e populações.
J.J. – Para entendimento do leitor, quais as áreas que o infectologista pode trabalhar?
Dr. Maurício – O infectologista pode trabalhar em diferentes áreas de atuação: Infectologia Ambulatorial. Diferentes casos podem ser atendidos, diagnosticados e tratados. Os mais comuns são: HIV, Hepatites virais, ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), Medicina tropical, Medicina do viajante, Tuberculose, Infecções em geral.
J.J. – O profissional da área também trata de Infectologia Hospitalar?
Dr. Maurício – O infectologista trata de internações e tratamento. Todas as situações enquadradas em Infectologia Hospitalar tratam da fase aguda ou mais grave de uma doença, cujo o atendimento ambulatorial não foi possível de conter.
O infectologista que atua nessa área, deve ter ainda mais responsabilidade no tratamento pessoal, assim como na abordagem de familiares e pacientes, visto que os quadros clínicos podem ser bastante graves.
J.J. – Como é feito o controle de infecção hospitalar?
Dr. Maurício – Com o aumento de resistência de algumas bactérias, o controle de infecção hospitalar vem ganhando cada vez mais espaço e aumentando sua demanda por infectologistas. A área de controle é exigida por lei em qualquer hospital ou clínica que possua ala de internação. O médico infectologista que atua neste local, está ligado diretamente com as comissões que cuidam da segurança do paciente e da qualidade de atendimento do hospital.
O especialista em Infectologia é responsável pelo uso e indicações de antibióticos de maneira adequada por todos os outros especialistas. Também, deve analisar periodicamente o perfil dos microrganismos, a fim de prevenir e evitar possíveis surtos.
Ainda é de responsabilidade do infectologista da área de controle de infecção hospitalar, manter o controle sobre a estrutura do hospital, coordenar e orientar modificações no atendimento, sempre buscando garantir a prevenção da veiculação de infecções.
J.J. – O infectologista é muito solicitado para as chamadas interconsultas?
Dr. Maurício – Outra alta demanda dentro da área de Infectologia é a de interconsultas. Qualquer paciente pode apresentar um diagnóstico de infecção, independente dos motivos que o levaram ao hospital. As solicitações nesses casos são as mais diversas, desde interpretação de exames, até dúvidas sobre a condução de um diagnóstico infeccioso e forma de tratamento.
J.J. – A saúde pública é sempre uma fonte de preocupações. Como atua o infectologista?
Dr. Maurício – Nesta área, o infectologista aborda o aspecto epidemiológico de populações inteiras, estudando suas características, formas de transmissão e maneiras de prevenir possíveis surtos. Esta atuação está frequentemente ligada às secretarias de gestão de município, estados e países. E acaba dividindo-se em ações de vigilância, ações executoras, como campanhas, e ações normativas.
J.J. – O infectologista também lida com os casos de Imunossuprimidos?
Dr. Maurício – Esse caso trata-se de um grupo de pacientes bastante específicos, aqueles que passam por tratamento imunossupressor, tanto por doenças onco-hematológicas, quanto por manutenção de transplantes de órgãos sólidos.
Esse tipo de paciente está mais vulnerável a doenças infecciosas. Especialistas em Infectologia agem, juntamente a equipe médica, no tratamento desses pacientes, nesse estágio mais sensível.