Radicada em São Francisco desde 2018 para onde foi em função do Programa “Mais Médicos”, a médica cubana Dania Yelises Gomez Cabrera adotou o Brasil como seu país do coração. Tanto que, encerrado o programa entre os dois países, continuou trabalhando na vizinha cidade como atendente de farmácia, pois para exercer a profissão, teria que se submeter antes ao exame de qualificação denominado Revalida. Neste interim, casou-se com um brasileiro, o jalesense Artur Vicente Valério, e mergulhou de cabeça nos livros para obter a aprovação, o que aconteceu há 15 dias.
Dania tem 49 anos, graduou-se em medicina em Havana em 1996, trabalhou como clínica geral até 2002, quando fez especialidade em Medicina da Família e Comunidade.
Durante cinco anos, entre 2007 a 2012, cumpriu missão na Venezuela. Em 2016, dentro do Programa Mais Médicos, foi designada para trabalhar na Unidade Básica de Saúde de São Francisco, função que exerceu até 2018.
Ela foi ouvida pelo Jornal de Jales.
J.J. – Como a senhora recebeu a aprovação no Revalida?
Dania – A aprovação da Revalida foi recebida com muito orgulho e alegria porque foi resultado de meu esforço e estudo, além da vontade e sonho de volver a exercer minha profissão que tanto amo, e que gostaria de continuar exercendo para ajudar ao povo brasileiro.
J.J. – O domínio do idioma chegou a ser um obstáculo nas provas?
Dania – O idioma não foi um obstáculo nas provas porque eu falo fluentemente e compreendo perfeitamente o português.
J.J. – Qual é a próxima etapa para que a senhora possa montar seu próprio consultório ou prestar serviços em hospitais?
Dania – A próxima etapa para poder prestar serviços em hospitais ou montar meu próprio consultório é aguardar concluir o cronograma da INEP e publicar o resultado final o dia 21 de março, depois a publicação no DOU, aderir uma universidade para homologar o Diploma Estrangeiro e por último a inscrição no Conselho Regional de Medicina.
J.J. – A formação como médica de família facilitou o seu trabalho no programa “Mais Médicos”?
Dania – A formação como médica de família facilitou meu trabalho no Programa “Mais Médicos” porque o objetivo do Programa é prestar assistência médica na atenção básica como a primeira porta de entrada do SUS e garantir o atendimento humanizado as famílias desde o contexto social, criando vínculos com os pacientes e comunidade, conhecimento e habilidades que tenho desenvolvido desde minha formação.
J.J. – É verdade que o governo de Cuba ficava com a maior parte do que os governos repassavam aos médicos?
Dania – Prefiro não falar sobre esse assunto.
J.J. – Como a senhora avalia o trabalho como secretária municipal de Saúde de São Francisco?
Dania – O trabalho como secretária municipal de Saúde de São Francisco a sido um desafio muito grande, porque eu tinha experiência em Cuba de Diretor de Saúde, só que aqui é muito diferente o SUS e me permitiu ganhar em conhecimento e coordenação da Saúde.