A invenção de dois alunos de um projeto social representou o Brasil em uma feira mundial de ciências na semana que passou.
O que foi para o lixo ganha outro destino nas mãos do policial militar Éder Carlos Antoniassi. Parte do material que ele encontra vai direto para o projeto de robótica em que ele é voluntário, em Santa Rita d’Oeste, cidade com pouco mais de 2.500 habitantes.
“O sonho é poder dar uma vida melhor, uma perspectiva de vida melhor, um futuro melhor para essas crianças. E a convicção de que a educação é o caminho para isso”, afirma o policial.
É em uma casinha nos fundos de uma escola estadual daquela cidade que funciona o projeto de Éder. O lugar é simples e as aulas só são possíveis porque ele conta com a ajuda dos pais dos alunos para manter tudo funcionando.
Entre as atividades desenvolvidas no local, com aproximadamente 40 crianças e adolescentes, está a criação de projetos que, de alguma forma, podem colaborar com o bem-estar da comunidade. É aí que os estudantes Ana Elisa Brechane e Enso Papali de Carvalho entram nessa história.
Os dois amigos, que sempre estudaram em escola pública, desenvolveram durante as aulas um equipamento para ajudar no tratamento de pacientes pós-Covid. O incentivador respiratório digital criado por eles pode fazer a análise e o tratamento das sequelas respiratórias deixadas pelo coronavírus.
“Grande parte das pessoas que pegam a doença acabam desenvolvendo essa síndrome pós-Covid e a gente percebeu que seria um caso de milhões de pessoas. O tratamento é muito caro e muito chato. Então, pensamos em desenvolver esse equipamento para ajudar”, explica Enso.
FINALISTAS
O projeto da dupla foi finalista da Febrace, a maior feira de ciência do país, promovida pela USP. Na semana que passou, eles representaram o Brasil em um evento mundial realizado em Atlanta, nos Estados Unidos.
“Não caiu a ficha. Porque nossa meta era só chegar até a USP e, do nada, a gente ganha uma feira, um prêmio internacional. Foi incrível!”, festeja Ana Elisa.
Além de Enso e Ana Elisa, a delegação brasileira contou com outros 24 estudantes, de seis estados. Todos eles embarcaram para Atlanta em uma viagem patrocinada pela embaixada americana no Brasil.
“Nesse mundo hiperconectado, muito mais do que ficar decorando coisas sobre ciências, é importante que a gente consiga se sentir protagonista, se sentir parte, dominar os métodos da pesquisa científica. É isso que é importante e é isso que as feiras de ciências estão trazendo”, destaca Roseli de Deus Lopes, professora da USP e coordenadora da Febrace.
“Eu quero que eles não sejam só consumidores de tecnologia, mas, futuramente, sejam desenvolvedores em criar soluções para os mais diversos problemas que a nossa sociedade enfrenta, porque o futuro deles é muito desafiador, mas também cheio de oportunidades, não é verdade? E o investimento em ciência, em tecnologia, pode torná-los protagonistas desse futuro”, define o policial Éder.
- Fonte: Jornal Nacional