Mais um ano letivo se inicia e com ele a preocupação e o alívio dos pais que tem filhos pequenos, especialmente na faixa etária de zero a três anos, idade que requer uma pedagogia especializada baseada em conceitos atualizados como: formação de vínculos seguros, adaptação, segurança emocional, saúde física e mental.
Uma boa adaptação à Escola de Educação Infantil (“creche ou escolinhas”) é aquela que respeita o ritmo de cada criança visando a integração com segurança ao novo ambiente. A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. A creche vem ganhando crescente atenção mundial após a comprovação de sua importância na formação e no desenvolvimento dos indivíduos. As evidências empíricas indicam impactos positivos das creches de boa qualidade, levando a diferenciais permanentes em diversos indicadores de desenvolvimento e bem-estar futuro. Crianças que frequentaram boas creches ou pré-escola têm até mais chance de obter melhores empregos e salários na vida adulta, conforme pesquisas recentes. Uma boa adaptação à creche ou a outra instituição é aquela que respeita o ritmo de cada criança. Portanto, é melhor fazer as mudanças progressivamente: no primeiro dia deixando o bebê apenas por uma hora, ou conforme combinado com a cuidadora. No dia seguinte, aumente o tempo aos poucos para que ele se adapte sem problemas. Nesse processo, a família precisa contar com uma rede de apoio para que a adaptação possa ser bem-sucedida e tranquila.
A segurança emocional das crianças é um fator a ser considerado em períodos de separação momentânea no início da vida escolar.
A sua ansiedade pode causar muito sofrimento as crianças. Por isso, sempre tente manter uma atitude calma e motivadora. Se a criança possui um objeto de apego não há problemas de utilizá-lo nos primeiros dias na instituição. Acompanhe sua criança até a porta e busque-o sempre na hora certa, pois sua demora pode gerar muita angústia e as vezes sentimento de abandono. Demonstre que você confia no ambiente. Você tem que se despedir do seu filho sempre deixando tranquilo e sabendo que você retornará para buscá-lo. Do contrário, você não permitirá que ele elabore corretamente a separação. Além disso, é importante que você não prolongue muito as despedidas, pois pode gerar grande ansiedade de separação na criança. A despedida deve ser tranquila e segura: dê um beijo, despeça-se com uma boa atitude e ceda a responsabilidade ao adulto cuidador. Esteja sempre ciente de que as mudanças nunca são fáceis e use toda a sua empatia para transmitir amor, compreensão e segurança o tempo todo. É comum no período de adaptação às crianças adoecerem, pois há um abalo emocional decorrente da separação momentânea dos vínculos seguros. Na Escola de Educação Infantil esses vínculos serão construídos trazendo paz, segurança emocional fortalecendo assim o sistema imunológico dos pequenos. Quando esses aspectos não são considerados é comum que os bebês e ou as crianças bem pequenas passem a registrar um adoecimento.
No Brasil nascem, aproximadamente, 3 milhões de crianças por ano. Como a creche é o espaço destinado aos três primeiros anos de vida, temos cerca de 9 milhões de usuários potenciais dessa idade, dando uma magnitude nunca vista anteriormente à Síndrome da Creche.
Certamente crianças aglomeradas em um mesmo ambiente, durante um significativo período, têm maior exposição aos agentes etiológicos das infecções respiratórias, justamente em uma faixa etária onde temos uma imaturidade fisiológica do sistema imune.
Estudos científicos apontaram que crianças que frequentam creches, especialmente antes dos 3 anos de idade, têm 2 a 3 vezes mais episódios infecciosos de vias aéreas, sendo que o risco aumenta progressivamente com o número de horas na creche e diminui com o tempo através da maturidade e fortalecimento do sistema imunológico. Reduzir a frequência e consequências dessas infeções é missão não apenas do pediatra como de todos os profissionais envolvidos, tendo como ferramentas a promoção de uma boa nutrição, com maior tempo e incentivo de aleitamento materno, medidas higiênicas efetivas, acolhimento, cuidado, estímulo e revisão das imunizações disponíveis e diante de um quadro de infecção respiratória, tomar medidas imediatas que possam minimizar os efeitos sobre a criança.
Promover a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento integral das crianças é a nossa missão, ficando sempre atentos à prevenção das patologias que reduzem a qualidade e quantidade de vida de nossos pequenos.

  • Jane Maiolo (Gestora de Educação infantil, Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Articulista, Idealizadora do Simpósio anual Valorização à vida e projetos sobre setembro Amarelo)
  • Dra. Evelin Cintra Cavenagui (Pediatra e Neonatologista, incentivadora da pediatria preventiva e a promoção de saúde) 

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