O Centro Educacional Professor Marcondes, referência em cursos de redação na região de Jales, decidiu estimular os alunos a escreverem sobre as eleições. A pré-seleção dos textos foi feita pelo próprio professor Marcondes Cavalcanti e a escolha final coube aos demais alunos.
Segundo o educador, houve muito interesse pelo assunto tanto por parte dos alunos que assistem às aulas presenciais quanto os dos on-line. O título sugerido pela escola valeu para as duas categorias:

JOVEM ELEITOR; UM PASSO À EFETIVA DEMOCRACIA

ANA EDUARDA DOURADO SILVEIRA (categoria presencial)

“A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos.” Essa ideia, defendida pela filósofa alemão, Hannah Arendt, encaixa-se perfeitamente ao artigo 5º da Constituição Federal brasileira, com especial destaque à igualdade entre as pessoas. Entretanto, no atual cenário político-social do país, é notório que a democracia está em xeque, visto que o direito juvenil de votar passa despercebido. Desse modo, o aumento da representatividade e o efetivar a cidadania são pontos essenciais a serem alcançados para a perpetuação dessa válida forma de governo.
Segundo, Aristóteles, o homem é um animal político, visto que o ser humano necessita viver em comunidade. Portanto, é válida a inclusão dos jovens nesse espaço de decisões como meio de auxiliar no bem coletivo dessa. Assim, o aumento da representatividade é essencial para esse perfil etário, já que garante o espaço ideal para lutar a favor de meios que auxiliem a população, pois, ampliando a máxima popular, os jovens são o presente e o futuro do país! Ademais, a etimologia da palavra “democracia” está ligada ao “poder do povo”, desse modo, é imprescindível a introdução dos jovens – já a partir de 16 até 18 anos! – no processo eleitoral, devido à confluência desses às principais áreas – saúde, educação, lazer -, que são as bases de uma sociedade igualitária, e que devem estar presentes nas propostas dos candidatos aos cargos públicos, fortalecendo, assim, os juvenis, para que tenham vez e voz na luta pelo bem da sociedade.
Por esse viés, é importante efetivar a democracia, visto que a posse do título de eleitor – e seu uso consciente – são formas de contribuir para a construção da identidade nacional. Com a ação de votar coerentemente, é possível diminuir as desigualdades socioeconômicas, uma vez que, com o voto dos jovens, mudanças poderão ser feitas, dado que a defesa de seus pontos de vista perpetuará o valor democrático em si. Porém, estigmas associados à falsa democracia causam receios a esses futuros votantes, algo que pode ser mitigado com a devida inclusão desses aos pleitos eleitorais.
Portanto, o válido ideal de Hannah Arendt, aliado aos direitos coletivos de igualdade presentes na CF/88, devem ser privilegiados para a maior inclusão e desenvolvimento democrático do Brasil. Assim, cabe ao Governo Federal, juntamente com o Legislativo Federal, incentivar os jovens a incluírem-se no processo de escolhas políticas, por meio de verbas públicas para publicizar a campanha de retirada de título, como forma de defender e garantir seus direitos. Ademais, o apoio familiar deve estar presente, já a partir do protocolo de pedido do título eleitoral, como forma de valorização do ser político em formação. Tudo isso, colocado em prática, a democracia representativa resultará em frutos positivos, como igualdade e vontade popular.

GABRIELA DIAS CARRILHO DA SILVA (categoria on-line)

A Constituição Federal de 1988 – documento jurídico mais importante do país – foi promulgada após 24 anos do início da Ditadura Militar, e restaurou os direitos políticos dos brasileiros. Dentre muitos avanços, essa efetivou o voto direto, secreto, igual para todos, obrigatório a partir de 18 anos e facultativo para maiores de 16 e menores de 18, também para analfabetos e maiores de 70 anos. Entretanto, essa conquista coletiva não tem se reverberado, com ênfase, na prática devido ao fato de os jovens estarem desmotivados, resultado da não compreensão desses sobre o real significado de democracia, bem como devido à baixa autoestima, o que acarretam o ceticismo e a alienação juvenil.
Vale lembrar que a atual geração não construiu, ainda, o verdadeiro sentido de política e de democracia, fato que contribui para o desinteresse pela participação nessa importante ação cidadã. A política praticada no país, é, em si, frágil, pois se baseia apenas em partidos e políticos. Essa deve ser uma forma de serem alcançadas mudanças na estrutura do país por meio de políticas públicas realizadas por representantes que foram escolhidos por cidadãos responsáveis pelo bem comum. Nessa perspectiva, vale lembrar que ocorreram movimentos históricos os quais cobraram esse direito atualmente garantido, como o movimento juvenil “Diretas Já”, em que a população foi às ruas reivindicar o direito à participação eleitoral. Essa conjuntura reflete as ideias da filósofa brasileira, Marilena Chauí, a qual afirma: “A política foi inventada pelos humanos como o modo pelo qual se pudesse expressar diferenças e conflitos sem transformá-los em guerra total.” Desse modo, é fulcral que, desde a idade inicial limite, os jovens tirem o título e expressem suas vontades individuais e coletivas.
Ademais, é fundamental enfatizar que o jovem se coloca em uma posição periférica na sociedade ao acreditar que não sabe o suficiente para votar, impulsionando o problema. Assim, é possível perceber que o engajamento dessa faixa etária no país é o menor já registrado nas últimas décadas, situação preocupante para o futuro do país. Além disso, o ceticismo também é algo muito presente e consiste em acreditar que votar não importa e não muda nada. Todavia, o voto influencia, diretamente, em muitos âmbitos, como saúde, educação e lazer. Outrossim, vale ressaltar que todos estarão aptos a votar se buscarem conhecimento, não havendo motivos para se sentirem incapazes. Logo, é inaceitável que esse cenário adverso permaneça.
Depreende-se, portanto, a necessidade de se combater esses obstáculos. Para isso, é imprescindível que os influenciadores digitais continuem, nas redes sociais, incentivando os adolescentes a tirarem título de eleitor, a fim de que se alcance expressivo número de votantes. Paralelamente, é imperativo que os pais apoiem seus filhos por meio do diálogo sobre a importância das eleições, e os ajudem a se manter informados, com a finalidade de realizarem boas escolhas de representantes. Assim, consolidar-se-á uma sociedade mais crítica, em que a grande maioria da população seja eleitora e cobre, de forma consciente, a realização do Contrato Social o qual é dever do Estado efetivar.

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