Giana Rodrigues

Um caso repercutiu nas redes sociais durante a semana com mensagens a favor da tutora de uma arara. Aparecida Cecilia Rubio dos Santos que vive em Jales está prestes a completar 77 anos, cuida da arara Canindé chamada de Loura há cerca de 35 anos.

O exemplar da espécie vivia em um sítio próximo a Dirce Reis quando era filhote e foi doado para dona Aparecida ainda na zona rural quando tinha cerca de 2 anos: “a gente calcula que ela tenha uns 37 anos”, disse a hoje moradora do conjunto habitacional José Antonio Caparroz Bogaz – JACB.

Loura passa os dias em árvores em frente à casa da tutora, que já se mudou algumas vezes, sempre na mesma região por causa das árvores: “eu não saio daqui por causa dela, para ela ter as árvores onde está acostumada a viver, só morei em casas nessa mesma avenida”, contou.

REPERCUSSÃO

Na semana passada, a Polícia Ambiental de Jales esteve no local e aplicou uma multa de cerca de R$ 5 mil à tutora. “Ficamos sabendo que houve uma denúncia, mas só pode ser alguém que não conhece a nossa história. Nós cuidados dela há 35 anos, já tentamos regularizar algumas vezes, mas sempre fomos informados de que não havia problema devido ao tempo que a arara já está com a gente”, disse Aparecida em entrevista ao Jornal de Jales.

A penalidade é referente à legislação que proíbe a criação em cativeiro de espécies ameaçadas de extinção, caso da arara Canindé.

A família alega que outras visitas da Polícia Ambiental já aconteceram em anos anteriores e que sempre foram orientados de que não havia uma forma de regularizar a posse do animal e nem um local para destinação da arara, que já está acostumada com a família e o ambiente onde vive: “se ela sair de perto da gente é capaz de morrer”, argumenta a tutora.

INTERAÇÃO

A arara Loura, quando morava no sítio com a primeira tutora, tinha as asas cortadas: “eu acho que é por isso que ela não sabe voar, mas ela vive solta e nunca cortamos as asas dela. Ela inclusive tem medo das outras araras que vem aqui. Os voos dela são muito curtos então procuro recolhê-la em uma grande gaiola toda noite para que ela não fique vulnerável na árvore”, conta a tutora.

Loura é conhecida e famosa no bairro. As crianças da creche que fica próxima passam para visita-la, ela é mansa, mas só aceita mesmo a proximidade dos familiares de dona Aparecida.

A família será ouvida no batalhão da Polícia Ambiental em Fernandópolis e espera ter um final feliz para o caso: “ela está acostumada a ser alimentada com frutas, coco e arroz. Tem a rotina dela de ir bem cedinho para a árvore e só de noite ficar protegida na varanda da casa”.

Mãe de nove filhos com 15 netos e 10 bisnetos, dona Aparecida tem a arara Loura como parte da família e cuida com responsabilidade do animal nessas mais de três décadas. A família está pesquisando formas de regularizar a situação junto aos órgãos competentes.

POLÍCIA AMBIENTAL

O Jornal de Jales procurou as autoridades ambientais porém até o fechamento desta edição o comando não havia enviado as respostas aos questionamentos.

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