• Luiz Ramires


“Nunca antes fomos tão calorosamente recebidos, com tamanha demonstração de apreço e amizade. Muito emocionante e gratificante.” Assim o seu presidente, padre Eduardo Lima, definiu o acolhimento pelos indígenas à terceira missão Univida na Amazônia.
A missão aconteceu de 10 a 17 de janeiro, com uma média de 100 atendimentos diários em Santo Antônio de Mucajá, uma comunidade rural de Maués, região do baixo-médio Amazonas. Partindo de Manaus, foram 40 horas de navegação pelos rios Amazonas e Maués-Açu.
Foram 100 voluntários, de diversos estados brasileiros, principalmente de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Paraná, além de dois jovens italianos que souberam da missão e decidiram participar.
Entre os profissionais havia médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, cirurgiões dentistas, médica veterinária, bióloga, farmacêutico, assistente social, pedagoga, administrador, sendo duas religiosas e um seminarista.


FESTA
Em entrevista por WhatsApp ao Jornal de Jales, o padre fez questão de destacar que “em espírito de festa, as boas vindas incluíram decoração de bandeirolas, no porto, música e fogos de artifício e a alegria genuína da comunidade. Foi emocionante. Estávamos ‘em casa’, no meio de gente amiga e hospitaleira que fez questão de demonstrar acolhimento.”
A presença da missão coincidiu com os festejos de um dos padroeiros da comunidade: São Sebastião. Houve festa todas as noites, com missas, batizados, leilões de prendas, muita dança típica, fogos e música. “Acompanhamos tudo: participamos das missas, rezamos com eles a novena de São Sebastião, aprendemos (mais ou menos kkkk) as danças e músicas. Realmente nos integramos àquela comunidade. Conhecemos-nos pelos nomes. E na última noite, cada um de nós recebeu uma cuia de presente, feita especialmente para nós. Uma pessoa da comunidade elegia um dos voluntários para presentear com a cuia decorada por ela. E assim, todos nós estamos levando para casa um presente personalizado e intransferível”, disse o padre.

ESTRUTURA
A viagem de Manaus começou com a benção de Dom João Albuquerque, bispo recém-nomeado para a Diocese de Parintins, que se entusiasmou com a missão e se dispôs a colaborar de forma efetiva e prática, inclusive contatando com o bispo de Jales, Dom Reginaldo Andrietta, formalizando a colaboração entre as dioceses.
A comunidade cedeu a escola, para alojamento e o posto de saúde, salas para atendimentos médicos, de enfermagem, nutricionais, psicologia e até tratamentos como acupuntura. Os tratamentos odontológicos seguiram a tradição dos atendimentos, procurando área aberta, com bastante espaço e iluminação natural, para facilitar a visualização do campo de trabalho e foram efetuados sob uma frondosa mangueira, ao lado do postinho.
Como as comunidades circunvizinhas já estavam cientes da presença da Univida, além da população residente também foram atendidos os visitantes, alguns vindos até de Manaus e Maués.

ATENDIMENTO
Na Univida, durante o trabalho, as pessoas passam por todos os profissionais presentes, para que tenham um atendimento integral. Inicia-se a triagem pela enfermagem, onde elas têm os sinais vitais averiguados e anotados. Em seguida são encaminhadas aos médicos, quando são consultadas, ouvidas e na medida do possível, devido às condições, supridas nas suas necessidades, com medicamentos. Seguem para nutricionistas e psicólogas, caso necessário e se for da vontade do paciente e finalizam seu atendimento passando pelos cirurgiões dentistas, onde recebem instruções de higiene bucal, kits de escovas, cremes dentais e fio dental, tratamentos e até cirurgias, se necessárias.
Na missão Amazônia, todos os participantes colaboraram na limpeza, organização do alojamento e também no preparo das refeições. O sistema funciona com o rodízio de tarefas entre as equipes de trabalho.

SELEÇÃO
A seleção para a 3ª Missão Univida Amazonas se deu pelo interesse despertado nos voluntários que já participaram das Missões Dourados e que queriam vivenciar outra realidade, com desafios completamente diferentes daqueles vividos no MS e se candidataram em grande número. Além destes, houve candidatos que acompanham o trabalho pelas redes sociais e se inscreveram. O número de interessados foi bastante elevado, mas a capacidade numérica para a Amazônia foi reduzida a 100 voluntários, em função das dificuldades, especialmente geográficas e de locomoção.
Após as inscrições é efetuada a seleção baseada em critérios de necessidade de voluntários das áreas mais necessárias e perfil do candidato, determinado por extensa ficha preenchida e apoio que este universitário tenha da sua instituição de ensino que precisa dar o aval para participação através de carta de recomendação assinada pelo coordenador do curso. Outro critério muito importante é a obrigatoriedade das vacinas. Todos os voluntários tem que apresentar a carteira comprovando a vacinação, com no mínimo três doses para Covid e demais vacinas. Também é exigido o seguro viagem.

O atendimento aos indígenas é integral com o paciente passando por todos os profissionais
Os dentistas fizeram até cirurgias nos casos em que acharam necessário
A equipe da Univida chegou ao povoado nesta embarcação depois de 40 horas
Estávamos ‘em casa’, no meio de gente amiga e hospitaleira, disse o padre Eduardo

Comments are closed.