O observatório europeu Copernicus cravou: julho de 2023 bateu o recorde de mês mais quente já registrado na Terra, 0,33ºC acima do recorde anterior, registrado em julho de 2019.
A região noroeste do estado sofreu os efeitos desse calorão, e para falar sobre esse fenômeno, o Jornal de Jales entrevistou Marco Antônio Fonseca Conceição, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Cientistas acreditam que esse comportamento se deve às mudanças climáticas globais provocadas, principalmente, pela emissão excessiva de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Esses gases permitem a incidência de radiação solar sobre a superfície da Terra, mas bloqueiam a irradiação de volta ao espaço, provocando o aquecimento do planeta”, explicou o especialista.
Marco reitera o pensamento do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que recentemente afirmou que a humanidade saiu da era do aquecimento global para entrar na era da “ebulição global”.
“Se as previsões dos modelos científicos estiverem corretas, a tendência é que esse aquecimento continue aumentando”, opinou.
Questionado sobre a possibilidade de reversão desse cenário ou até mesmo de tentativas de amenizar esse problema global, o pesquisador mostrou pessimismo e culpou grandes potências que não mostraram atitudes enérgicas sobre o tema. “Reverter é mais difícil, mas tudo poderia ser amenizado se houvesse uma decisão mais eficaz para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, principalmente por parte dos maiores poluidores globais: China, Estados Unidos, Índia e União Europeia. Além disso, medidas de adaptação também podem ser tomadas como, por exemplo, desenvolver variedades de plantas mais resistentes à seca e ao calor”, afirmou.
Quando o assunto foi a região noroeste de São Paulo, Marco mostrou números que comprovam o aumento das temperaturas desde o fim da década de 1970. “As temperaturas, na nossa região, têm aumentado nos últimos 25 anos, enquanto as chuvas têm apresentado uma tendência de queda. Para nossa região, a falta de chuvas é mais problemática do que o excesso por prejudicar diretamente a agricultura, a piscicultura, o abastecimento urbano e os reservatórios das hidrelétricas”, analisou.
Para fechar o papo, o especialista projetou o que acredita que deve acontecer nos próximos anos e alertou para um cenário de falta de água. “O principal efeito das mudanças climáticas para nossa região deverá ser a redução da disponibilidade de água, principalmente para as atividades agropecuárias. Daí a necessidade, cada vez maior, de se implementar ações que visem a conservação da água nas propriedades agrícolas”, finalizou.
Apesar do calorão, temperatura não supera recorde no mês de agosto em Jales. A última semana foi de muito calor na região de Jales. Apesar das altas temperaturas, a Embrapa informou que nos registros da entidade, que começaram em 1995, o recorde no mês de agosto não foi superado.
Segundo dados, a maior temperatura já registrada no mês de agosto foi igual a 37,4°C nos anos de 2004 e 2015. Já neste ano, os termômetros atingiram 36,9ºC na última quinta-feira (24).
Considerando todos os meses do ano, a maior temperatura registrada aconteceu no mês de outubro de 2015, atingindo a impressionante marca de 41,8°C.


