• Luiz Ramires

Um grupo de Jales, alguns que atualmente residem em São Paulo, passou por momentos angustiantes, na enchente que atingiu o litoral paulista, principalmente em Vila Sahy, onde estavam hospedados.
“É muito difícil descrever o que nós vimos e passamos, parecia uma guerra e nós não entendíamos o que estava acontecendo”, disse Tiago Abra, que estava em uma das hospedagens. Ele disse que chegou na sexta-feira, reviu amigos no sábado, quando começou a chuva.
A casa em que estava começou a alagar, mas tinha um quarto em cima, onde eles acabaram se refugiando, depois de arrombar a porta do andar superior, com a chuva continuando intensamente durante toda a noite.
Eles tentaram sair da casa, mas a rua estava alagada e voltaram para esperar passar. Ligaram para a polícia e o Corpo de Bombeiros, mas eles não tinham como chegar no local. O grupo achava, até então, que era um alagamento na rua, mas no outro dia muitos carros estavam cobertos pela água.
Tiago disse que foi para a pracinha de Barra do Sahy que é a área da vila onde ficam hospedados os turistas, quando ficou sabendo o que havia acontecido na parte da vila. Ele queria ajudar, mas foi aconselhado a não ir e ficar protegendo o grupo.
No domingo, antes de cair a internet e a energia elétrica eles conseguiram passar mensagens para os familiares em Jales, mas logo ficaram sem comunicação e água, com a casa alagada.

SEM PREVISÃO
Na segunda-feira, Tiago voltou para a praça e foi aconselhado a não deixar o locar e comprar provisões, principalmente água, pois não havia previsão de quando poderiam sair. Eles conseguiram alimentos e depois água, vendida na rua e em um restaurante de um amigo.
Quatro jalesenses que estavam em outras casas conseguiram sair e encontrar o grupo, quando voltaram a energia e a internet e eles puderam entender o que havia acontecido, com muitos helicópteros transportando corpos, pessoas feridas e alimentos.
O grupo permaneceu no local na segunda-feira e na terça, logo cedo Tiago voltou para a pracinha quando foi informado que um casal havia passado de Barra do Sahy para Baleia, Camburi e Boiçucanga sendo que nesses dois locais a situação estava crítica, mas atravessando esse trecho dava para chegar a Maresias e depois voltar para casa. Eles conseguiram passar, mas demoraram 11 horas para chegar de barra do Sahi a Campinas quando o normal é 3h30.
Como sobrou muita comida, água e roupas na casa, eles resolveram doar para a família da irmã do caseiro e outras pessoas em uma escola onde estavam abrigadas mais de 300 pessoas. Também deixaram dois carros que ficaram totalmente alagados. Um primeiro grupo conseguiu sair e outro foi logo atrás, chegando a Campinas com uma diferença de cerca de duas horas entre um e outro.

INDIGNAÇÃO
O cenário realmente era de guerra, como afirmou Tiago que ficou revoltado vendo alguns comerciantes explorarem a situação, superfaturando com água e alimentos que estavam acabando e eles vendendo a preço de ouro, quando em uma situação como essa todos tem que se ajudar, pois muitos ficaram sem dinheiro, com tudo alagado.
Por outro lado, ele também viu muita solidariedade, como o dono de um restaurante que era seu amigo e perdeu o estabelecimento. Ele mantém um projeto social com 170 crianças que passaram a produzir 10 mil marmitas por dia, mas não estava sendo suficiente para ajudar os desabrigados ou que ficaram em suas casas, mas perderam tudo.
Quando eles deixaram o local os primeiros equipamentos e muitos caminhões do Exército estavam começando a chegar no Sahy pois até então só se conseguia chegar ao local de helicóptero.

Os carros foram inundados pelas águas durante a enchente
As estradas ficaram interditadas dificultando a volta dos turistas
Muitas máquinas já estavam trabalhando para desbloquear parte das estradas

Bombeiros de Jales ajudam vítimas dos desabamentos

Dois bombeiros de Jales, o cabo Wesley Aparecido Molinari e o soldado Wagner Mendes estão trabalhando no resgate de corpos e vítimas das avalanches que atingiram o litoral paulista, matando dezenas de pessoas.
Eles estão em São Sebastião e fazem parte da Força Tarefa do CBI 2 (Comando de Bombeiros do Interior) e foram acompanhados de outros colegas , sendo três de Santa Fé do Sul, um de Fernandópolis e um de Votuporanga.
No total são 14 bombeiros, incluindo uma mulher que foram convocados pela Força Tarefa do 13º Grupamento de Bombeiros, ligado ao CBI 2, sediado em São José do Rio Preto, segundo informou o comandante de Jales, Robson de Jesus Nones.

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