Luiz Ramires
Com a descoberta de novos fósseis de dinossauros de cerca de 75 milhões de anos, encontrados em um sítio em Monte Alto e divulgada nesta quinta-feira, o interesse dos pesquisadores devem aumentar ainda mais pela região noroeste paulista, chegando próximo a Jales. Os fósseis estão localizados na mesma espécie de rocha em que foram encontrados os primeiros, naquela cidade, na década de 1980.
Pesquisadores da USP estão se aproximando cada vez mais da região em seus trabalhos de levantamento de animais que viveram há cerca de 80 milhões de anos, habitando praticamente todo o noroeste paulista. Em maio, eles estiveram em Uchôa e General Salgado, dando continuidade ao projeto denominado Trilha dos Dinossauros. No final do ano passado a imprensa regional divulgou a descoberta de fósseis de dinossauros nas obras de duplicação da BR 153, em Mirassol.
Os cientistas consideram o noroeste paulista um dos maiores sítios de dinossauros do planeta e por isso as pesquisas não param, enquanto eles vão mapeando e preservando os locais onde os fósseis são encontrados, formando um roteiro que vai se expandindo na medida em que surgem novas descobertas.
Os animais encontrados em Uchôa e General Salgado são diferentes, mas devem ter vivido na mesma época, sendo que fósseis de várias espécies têm sido encontrados na região, despertando a atenção internacional sobre essas descobertas que incluem os dinossauros mais antigos, entre os que se conhecem que viveram na Terra. Resta agora saber que espécie de dinossauro foi encontrada em Monte Alto.
O trabalho que está sendo realizado atualmente incluiu a divulgação dessas descobertas além das revistas científicas, incluindo vídeos e visitas a museus nessas duas cidades e em Monte Alto, onde as pesquisas são bem mais antigas, para que a população e o mundo possam conhecer esses achados considerados entre os maiores, enquanto novas áreas vão sendo investigadas.

NOVA ESPÉCIE
Recentemente os pesquisadores descobriram uma nova espécie de dinossauro em Ibirá que denominaram Ibirania parva, em homenagem à cidade, que também pode significar o pequeno habitante das árvores. O trabalho foi comandado por Bruno Albert Navarro, do Museu de Zoologia (MZ) da USP, que publicou o achado no jornal da universidade. Trata-se de um titanossauro herbívoro de pequeno porte, que teria vivido há 80 milhões de anos, na atual região.
O nome científico se justifica, pois era um animal pequeno, da espécie holótipo, medindo de cinco a seis metros de comprimento, enquanto outros podem chegar a 30 metros, sendo considerada a primeira espécie de titanossauro anã encontrada nas Américas.
Navarro explica que “Ibirania é a junção das palavras Ibirá, em homenagem à cidade onde a espécie foi encontrada, e ania, que em grego significa ‘caminhante, peregrino’; já parva é o termo em latim para ‘pequeno’, devido ao tamanho reduzido da espécie. Como a palavra Ibirá vem do tupi, significando ‘árvore’, podemos traduzir o nome desse novo dinossauro como ‘o pequeno peregrino das árvores’”.
O pesquisador afirma que “já sabíamos que se tratava de uma nova espécie, por conta de apresentar uma série de características anatômicas únicas, restando apenas formalizar sua descrição e batizá-la. Mas ainda restavam dúvidas se esta nova espécie estava representada por um animal juvenil, dado o tamanho modesto dos restos recuperados.” Isso levou os pesquisadores a concluírem que não de tratava de um animal jovem, pelo tamanho, como se chegou a pensar.
A ilustração que usamos nesta matéria foi feita por Sérgio Lages e a reconstituição do animal em vida e em seu habitat foi feita pelos paleoartistas Hugo Cafasso e Matheus Fernandes Gadelha. Paleoartistas são especialistas que usam diversas técnicas, como escultura e pintura, para reconstituir a possível aparência de animais pré-históricos.
Fonte: Jornal da USP