“Hoje é um dia não de comemoração, mas de reflexão porque nos faz pensar de que maneira estamos vivendo com os povos originários do nosso país”. A afirmação foi feita pelo padre Eduardo Lima, coordenador da Missão Univida, em entrevista ao Jornal do Povo, da Rádio Assunção FM, no dia 19 de abril, quarta-feira, Dia dos Povos Indígenas.
O padre resumiu um histórico lembrando que quando os portugueses chegaram ao Brasil havia mais de 15 milhões de indígenas só na costa atlântica e hoje esse número, em todo o país não passa de 900 mil.
A palavra índio não é correta, segundo o padre porque foi criada por Cristóvão Colombo que pensava ter chegado à Índia. É um termo meio pejorativo, segundo o padre porque alimenta o preconceito, mas tendo a consciência de que esses povos que estão aqui já habitavam nosso território há milhares de anos é ter a consciência de que eles são os povos originários dessa terra.
MORTES
O padre disse que convive com indígenas de todo o país e não concorda em celebrar o Dia do Índio, pois é preciso pensar a nossa história com maturidade numa luta constante para que esses povos possam sobreviver.
Mas o Dia do Índio, como disse o padre, deve ser valorizado pelas atividades nas escolas e até mesmo nas reservas, com momentos de confraternização, embora o importante é ter a consciência de que esses povos estão morrendo de doenças e desnutrição por falta de assistência.
Eles também são vítimas do mercúrio pelos exploradores de ouro em seus territórios na região amazônica, além dos agrotóxicos e pela demarcação de terras em lutas constantes, com assassinatos.
É necessário, segundo o padre, repensar nossa história, tendo a consciência de que se nós tivermos a capacidade de nos relacionar bem com eles, com certeza estaremos construindo uma sociedade mais justa, mais humanizada, não com um discurso político, mas de vida, olhando a realidade desses povos originários como aqueles que aqui estavam e foram dominados.
O padre lembrou que houve uma reunião em Salvador, chamada de Reunião da Mesa Grande onde se decidiu que os índios que eram contra o império e consequentemente contra a igreja, eram possuídos pelo demônio e estavam impedindo a expansão do império, quando foi assinada uma carta legitimando a morte de indígenas. Assim, os índios poderiam ser mortos e aí começa o grande desastre.