Está nas conversas entre vizinhos, no bate papo entre amigos, na percepção geral da população: o clima “endoidou” de vez. O calor mais quente, o frio mais frio, cada dia com uma temperatura, as quatro estações no mesmo dia. Não é apenas sensação de que o planeta está mudado na área climática.
Em uma semana na qual uma nova massa de calor chegará ao país, cientistas divulgaram um dado assustador: 2023 está se encaminhando para ser o mais quente em 125 mil anos, segundo profissionais do observatório Copernicus (C3S), da União Europeia.
O estudo revelou que a média global de temperatura do último mês foi de 15,3 graus Celsius, o que fica 0,85 °C maior que a média de outubro entre 1991 e 2020 e 0,4 °C mais quente que outubro de 2019.
Samantha Burgess, vice-presidente da C3S, reafirma o óbvio: essas anomalias climáticas são culpa do aumento das emissões de dióxido de carbono e gases do efeito estufa, combinados com os efeitos do El Niño que aquece as águas do Oceano Pacifico na costa do Peru.
Essa notícia fecha uma semana em que diversos eventos extremos foram sentidos pelos brasileiros, em diversas partes do país. Em Manaus, uma fumaça toma conta da cidade desde agosto e teve pico na segunda-feira (06) – os culpados são a seca e o desmatamento. Já no Rio de Janeiro, imagens da ressaca nas praias mais famosas da cidade viralizaram nas redes sociais – as ondas foram assustadoras e chegaram às ruas da orla. E em São Paulo, um temporal com ventos de mais de 100km/h na última sexta-feira levou o caos na capital e cidades próximas, fazendo com que cerca de dois milhões de pessoas ficassem sem luz, algumas por mais de cinco dias.
Será que os eventos extremos estão realmente aumentando? Segundo Marco Antônio Fonseca Conceição, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sim. “De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a maior ocorrência de ondas de calor, secas e inundações no país são resultados das alterações climáticas nos últimos 60 anos. E o prognóstico é de aumento na frequência, intensidade e duração desses eventos extremos nos próximos anos”, disse.
Marco também falou sobre o prognóstico para os próximos meses no estado. “Nos próximos meses, há maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país, com períodos de excesso de calor em áreas do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já em relação às chuvas, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal na maior parte de São Paulo “, completou.
Perguntado sobre o que a população pode fazer para ajudar, de forma imediata, na diminuição desses eventos, o especialista revelou: é preciso agir desde já.
“Toda atitude que vise reduzir o consumo de combustíveis fósseis, o uso mais sustentável dos recursos naturais, o plantio de árvores nas áreas urbanas e rurais, bem como a adoção de hábitos alimentares que apresentem uma menor pegada de carbono, pode ajudar a reduzir o impacto das mudanças climáticas sobre a sociedade em geral”, finalizou.

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