No último dia 27, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou novos dados do CENSO 2022. As análises empreendidas foram, em sua maioria, sobre dois aspectos: o comportamento transitório do perfil etário entre crianças/jovens, adultos e idosos no Brasil e em relação ao quantitativo entre os sexos feminino e masculino nas cidades, estados e no país.
Segundo o órgão, dados do recente censo mostram que o Brasil vem apresentando um envelhecimento de sua população, ou seja, um aumento no número de idosos, bem como um acréscimo na média etária e expectativa de vida, seguido de uma diminuição no número de crianças e jovens. Outra análise foi a que o Brasil está cada vez mais feminino, ou seja, há um predomínio de mulheres na população total neste país.
Sobre o primeiro aspecto, considerando todos os censos anteriores, este foi o que teve a maior transição de envelhecimento populacional, fase em que a idade mediana do brasileiro passou de 29 anos, em 2010, para 35 anos, em 2022.
Quanto ao segundo aspecto, o censo aponta que o quantitativo da população feminina vem aumentando de maneira constante no Brasil. As brasileiras, atualmente, representam 51,5% do total populacional do país. Ou seja, em valores absolutos, elas totalizam 104,5 milhões, enquanto eles cerca de 98,5 milhões. Mas e em nossa região? Qual é o comportamento da estrutura etária e quantitativa entre os sexos nos 23 municípios da microrregião de Jales?
CENSO DEMOGRÁFICO NA MICRORREGIÃO DE JALES
Diante dos dados e informações levantadas do Censo 2022, observa-se que nossa região segue a média e um comportamento que é nacional: o envelhecimento da população e um predomínio populacional feminino.
Conforme o gráfico da média de idade na microrregião, dos 23 municípios que a compõe, apenas 6 registraram média etária abaixo dos 40 anos de idade, como Santa Fé do Sul e Três Fronteiras. Já os outros 17 municípios apresentam médias que vão desde 40 anos, como Vitória Brasil e Santa Albertina, até a altíssima média, de 47 anos, do município de Santana da Ponte Pensa.
MÉDIA DE IDADE DA POPULAÇÃO POR MUNICÍPIO – MICRORREGIÃO DE JALES – CENSO 2022
Sobre o quantitativo entre os sexos masculino e feminino na microrregião, a tabela com os valores percentuais e identificação em cores (municípios em vermelho com predomínio do sexo feminino e municípios em azul com predomínio do sexo masculino) nos auxiliam no entendimento.
MUNICÍPIO | MULHERES | HOMENS | VARIAÇÃO | |
1º | PONTALINDA | 46.94% | 53.06% | 6.12% |
2º | SANTA FÉ DO SUL | 51.92% | 48.08% | 3.84% |
3º | JALES | 51.67% | 48.33% | 3.34% |
4º | SANTA RITA D’OESTE | 51.55% | 48.45% | 3.10% |
5º | VITÓRIA BRASIL | 48.78% | 51.22% | 2.44% |
6º | SÃO FRANCISCO | 51.19% | 48.81% | 2.38% |
7º | DIRCE REIS | 48.89% | 51.11% | 2.22% |
8º | URÂNIA | 50.96% | 49.04% | 1.92% |
9º | POPULINA | 50.91% | 49.09% | 1.82% |
10º | MESÓPOLIS | 49.28% | 50.72% | 1.44% |
11º | RUBINÉIA | 50.51% | 49.49% | 1.02% |
12º | APARECIDA D’OESTE | 50.44% | 49.56% | 0.88% |
13º | TRÊS FRONTEIRAS | 50.04% | 49.96% | 0.80% |
14º | PARANAPUÃ | 50.04% | 49.96% | 0.80% |
15º | NOVA CANAÃ PAULISTA | 50.39% | 49.61% | 0.78% |
16º | SANTA ALBERTINA | 50.30% | 49.70% | 0.60% |
17º | SANTA SALETE | 49.73% | 50.27% | 0.54% |
18º | DOLCINÓPOLIS | 49.75% | 50.25% | 0.50% |
19º | SANTA CLARA D’OESTE | 49.76% | 50.24% | 0.48% |
20º | PALMEIRA D´OESTE | 50.23% | 49.77% | 0.46% |
21º | ASPÁSIA | 50.21% | 49.79% | 0.42% |
22º | SANTANA DA PONTE PENSA | 50.17% | 49.83% | 0.34% |
23º | MARINÓPOLIS | 49.89% | 50.11% | 0.22% |
Conforme os dados agrupados e ranqueados, observa-se que, dentre os 23 municípios, 15 apresentam predominância do sexo feminino e 8 predominam a população do sexo masculino.
No entanto, ao analisarmos os valores percentuais, observamos que em metade dos municípios a diferença é mínima, não atingindo nem 1% de diferença, o que configura o dado próximo a margem de erro estatístico. Mesmo assim, guiando o tema e os dados a uma análise sociológica complexa e entendendo o processo enquanto um fenômeno de escala nacional, somente um amplo exame analítico específico seria capaz de oferecer-nos elementos para entendermos e mensurarmos a influência e comportamentos etários do protagonismo feminino na dinâmica econômica, política e cultural, bem como sua invisibilidade nas respectivas áreas e no trabalho.
Na outra ponta, o município que ostentou maior variação no quantitativo etário entre os sexos foi Pontalinda, com a maioria de homens, registrando 53.06% da população do sexo masculino e 46.94% do sexo feminino.
Jales configura-se um município com predomínio de mulheres, registrando um total de 25.201 habitantes do sexo feminino (51.67%) e 23.575 habitantes do sexo masculino (48.33%).
Assim, evoluindo com as reflexões, é sabido que grande parte das análises demográficas nacionais consideram as faixas etárias (crianças/jovens, adultos e idosos) em parâmetros que compõem índices sociais, educacionais, de saúde pública e previdência, dentre outros, como o número de crianças na rede municipal de ensino, leitos em estabelecimentos de saúde, população economicamente ativa e seus respectivos comportamentos de consumo, práticas e demandas sociais e econômicas para servirem de base de apoio às políticas públicas e privadas.
Mas o que mais chama atenção e exige ações no presente e planejamentos para o futuro é o número crescente de idosos no Brasil, bem como na microrregião de Jales, e todos os efeitos oriundos deste processo, como o déficit previdenciário intergeracional, regulações de previdência social, aposentadorias e com os crescentes embates jurídicos e financeiros com os planos de saúde o país.
O perfil etário da sociedade está mudando e as políticas públicas precisam acompanhar essas mudanças. O mercado imobiliário, farmacêutico, lazer, esportes, moda e turismo para terceira idade já nadam de braçada há tempos, facilmente perceptíveis, por exemplo, no aumento de propagandas televisivas direcionadas ao público-alvo “aposentados e pensionistas”, ou grupo da “melhor idade”, de acordo com o produto e/ou a classe social, mesmo sabendo que nem toda velhice é boa. Estas mudanças não devem ser limitadas apenas às adequações arquitetônicas e de infraestrutura residencial, mas também, na dinâmica universitária, em vagas no mercado de trabalho, atingindo até o nível de comportamento humano, com a educação gerontológica e combate as práticas preconceituosas de etarismo.
Em nossa cidade, por exemplo, relacionando a discussão das mudanças etárias com dados do passado, presente e projeções futuras, observamos que, conforme o gráfico da transição demográfica em Jales, a faixa etária de crianças/jovens (0 a 14 anos) era de 8.193 habitantes em 2011, e a estimativa aponta que será de apenas 4.465 em 2050. A faixa etária dos adultos, ou população economicamente ativa (15 a 59 anos), era de 31.132 jalesenses em 2011, e será de 21.667 em 2050. Ou seja, um comportamento de queda/decréscimo nos dois grupos. No entanto, ao observarmos a dinâmica da faixa etária acima dos 60 anos, o número só aumenta, saindo de 7.713 habitantes em 2011 e atingindo a projeção de 15.659 habitantes em 2050, sendo a única faixa que apresentou crescimento no período.
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA EM JALES
Portanto, se atentar para o processo de envelhecimento da população do país no presente, sobretudo em nossa região, é um compromisso de todos, mas é um dever de gestores e líderes locais e regionais que lidam com políticas públicas e privadas na microrregião de Jales, enfrentando os desafios políticos, econômicos, de assistência social, mercado de trabalho, universitário, comércio, consumo e, principalmente, de saúde, para que todos tenham, por direito, um envelhecimento ativo, saudável e de qualidade física e emocional.
FONTES: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – CENSO 2022; FUNDAÇÃO SEADE
PROF. ME. RENAN GOMES MORETTI (Jalesense. Graduação, Bacharelado e Mestrado em Geografia (UNESP – Pres. Prudente/SP) Colégios INTEGRAÇÃO e UNITERP São José do Rio Preto/SP