• Bruno Gabaldi

Na noite de quinta-feira, dia 8, alguns dos profissionais da imprensa jalesense participaram de uma roda de conversa sobre a campanha Setembro Amarelo, com recomendações de como abordar o assunto suicídio nos meios de comunicação.
A roda de conversa foi promovida pela psiquiatra Daniele Cicoti e pela psicóloga Aline Fulconi na sala de reuniões do Alcindo Office. De acordo com elas, as notícias, dependendo da forma que são divulgadas, podem estimular e influenciar a pessoa que está passando por um transtorno mental e que tem uma ideia suicida e se sinta encorajada para cometer o ato.
“Não é só a notícia, porque o suicídio é multifatorial, são várias situações que levam a pessoa a cometer o suicídio, mas pode sim ser influenciada”, explicou Aline Fulconi.
“Da mesma forma que a notícia pode influenciar com desfechos negativos, ela também pode influenciar de forma positiva. Quando a gente fala sobre o tema suicídio, que é um tabu ainda em nossa sociedade e um assunto delicado de se tratar, a mídia pode levar conteúdo informativo sobre isso, esclarecendo, por exemplo, os fatores que contribuem para o suicídio e que existe sim tratamento. Dá pra mudar o desfecho”, ressaltou Daniele Cicoti.
Perguntadas sobre se tais publicações podem estimular o suicídio, as profissionais de saúde mental disseram que dependendo da forma que é divulgada, sim.

ESTATÍSTICAS
De acordo com material divulgado na roda de conversa, existe uma estatística de 2012 da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, o equivalente a uma morte a cada 40 segundos.
No Brasil, mais de 11 mil foram registrados naquele ano, o que representa, em média, 32 mortes por dia.
“Essa questão de estatística deve ser muito cautelosa, porque os dados que nós temos hoje estão ultrapassados. Mas existem pesquisas e estudos científicos que comprovam sim a relação de divulgação na imprensa e a repercussão negativa dependendo de como é noticiado”, relatou Aline.
Ainda de acordo com a psicóloga, existe a estatística de que exista atualmente mais de 1 milhão de suicídios pelo mundo. “Os números são estatísticos, até porque existe muita subnotificação desses casos. O Brasil, por ser um país populoso, ocupa a 8ª colocação no ranking mundial”, disse.

RECOMENDAÇÃO
“Não temos que fixar só nas estatísticas no Brasil e no mundo, mas sim no que podemos ter de benefício na divulgação como recurso de prevenção ao suicídio”, afirmou Aline.
Segundo as profissionais, a reportagem sobre esse assunto deve ser discreta e cautelosa para que não estimule o ato. “Não dar enfoque em manchete, capa de jornal, primeiras notícias em rádios, sempre pensar na pessoa enlutada e na família é uma das formas de prevenir”.
Ainda segundo Aline e Daniele, se possível omitir o local do ato, porque as pessoas tendem a popularizar o local; não divulgar as cartas de despedida; imagens da pessoa e, se for inevitável, pedir autorização da família; no jornal impresso tentar colocar a matéria nas páginas pares no canto inferior; não destacar a palavra suicídio, usando outros termos; e promover publicações que visam ajudar e informar que o suicídio não é a saída de um problema.

A roda de conversa com a imprensa aconteceu na sala de reuniões do
Alcindo Office, local escolhido pelas profissionais de saúde mental
Psiquiatra Daniele Cicoti: “matérias sensacionalistas podem provocar repercussão negativa e estimular pessoas que já sofrem com esses problemas”
Psicóloga Aline Fulconi: “os números são estatísticos, porém, o Brasil ocupa o 8º lugar no ranking de suicídios no mundo. Temos a urgência de prevenir”

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