- Luiz Ramires
- CADERNO ESPECIAL
Um pouco do drama dos imigrantes japoneses, em forma de romance contando a história da sua família. É assim que Akikazo Igarashi nos apresenta fatos, curiosidades, desafios e sentimentos dos que aqui chegaram no início do século passado, narrados em “Cultura Milenar, guerra, paz e uma história de amor – os desafios de um imigrante japonês para formar sua família”.
Neste seu primeiro livro, ele começa descrevendo a história de seu avô, o professor Matsutaro Igarashi, deixando o Japão para se instalar com a família no novo mundo, para onde muitos conterrâneos vieram em busca de uma vida melhor quando vários países passavam por dificuldades econômicas em um período trágico da história mundial.
O professor Matsutaro era diretor de uma escola pública e veio a convite do governo do seu país para instalar uma escola para filhos de imigrantes japoneses, em Araçatuba, mas aqui encontrou muitas dificuldades quando o Brasil virou inimigo do Japão, durante a 2ª Guerra.
Podemos dizer que esta é a primeira parte do romance. A segunda é o drama vivido por seus pais que precisaram fugir para se casar, deixando a fazenda de um rico japonês para morar e trabalhar com um casal amigo, em um sítio perto de Araçatuba,onde começam uma nova vida. Já com filhos, os dois decidem vir para Jales, onde o pai, Yutaka recebeu convite para atender fregueses japoneses em uma loja.
Diferente das narrativas sobre as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes que pensavam encontrar no Brasil a terra dos seus sonhos para se enriquecerem a história dessa família modelo, em forma de romance torna-se atraente pela sensibilidade do autor nesta obra recheada de curiosidades sobre costumes, culinária, choques culturais e episódios pitorescos de uma época muito diferente da nossa.
Akikazo, filho mais velho de Yutaka, veio com seus pais para Jales onde morou e estudou até mudar para São Paulo. Lá se formou em jornalismo e administração e atualmente é empresário e professor universitário em Ribeirão Preto, onde tem guardado em seus arquivos pessoais vários contos, crônicas e poesias, como afirma na apresentação desse seu livro de estreia.
Muitos jalesenses devem se lembrar de Akikazo que tinha o apelido de Kinka no tempo em que convivi com ele, na Casa do Estudante de Jales e estudávamos jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, quando conversávamos muito sobre cultura, política e outros assuntos da época.