• Cássia Higashi Jardim Tanios

Sempre tive vontade de ser mãe. O sonho de ser mãe veio desde a infância. Quando Ricardo nasceu, foi uma emoção ímpar, meu sonho virou realidade…
O nascimento dele foi a experiência mais incrível e maravilhosa de toda a minha vida. Amei aquele bebê antes mesmo de ver o seu rostinho.
O Ricardo teve um desenvolvimento normal, até a idade de mais ou menos 1 ano e 3 meses. Era imperceptível as características do autismo. Mas após este momento, ele começou a perder as habilidades. Tive um diagnóstico tardio por conta da gravidez gemelar e do repouso que tive que fazer, e fui ter o diagnóstico do Ricardo já com 3 anos e 10 meses.
Quando o neuropediatra me disse: Seu filho é autista, mesmo desconfiada do diagnóstico, fiquei sem chão. Meus pensamentos eram por onde começar? Será que eu iria dar conta? Meu filho, tão pequeno, tão puro, tão inocente. Porque comigo? Após muito me questionar, fui atrás do que realmente importava, conhecer o que era o AUTISMO e como eu poderia ajudar o meu filho.
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é clínico, não existe um exame para comprovar que seu filho é autista, o que dificulta a acreditar no diagnóstico.
Sinais de alerta do autismo que pode identificar o diagnóstico.

  • Dificuldade em manter contato visual;
  • Não responder ao sorriso
  • Não olhar para objetos para os quais os pais estão olhando ou apontando
  • Não apontar para objetos ou situações para fazer os pais olharem para eles;
  • Menos probabilidade de trazer objetos de interesse pessoal para mostrar aos pais;
  • Dificuldade em perceber o que os outros estão pensando ou sentindo através das expressões faciais.
  • Menos probabilidade de mostrar preocupação (empatia) pelos outros;
  • Dificuldade em fazer e manter amigos.
  • Não falar ao menos 2 palavras com função, déficits na atenção compartilhada e nos comportamentos não verbais (como dar tchau, apontar ou mandar beijos), não brincar funcional, não seguir comandos aos 12 meses;
  • Não falar ao menos 6 palavras com função, não saber partes do corpo, não responder em reciprocidade aos 18 meses;
  • Não falar frases simples de 2 palavras ou apresentar repertório vocal com cerca de 150 palavras, não brincar simbólico aos 2 anos;

Em qualquer idade, perder habilidades adquiridas, comportamentos rígidos, restritos e repetitivos e prejuízos sociais são sinais de alerta.
A intervenção precoce, especializada e intensiva, é determinante para o desenvolvimento pleno de autonomia, independência e qualidade de vida.
Hoje, o que temos de embasamento científico para o tratamento do Autismo são técnicas comportamentais baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) associadas a outras multidisciplinares, de acordo com a necessidade e potencialidade de cada um. É fundamental a capacitação de pais e professores para potencializar o desenvolvimento das crianças.
É imprescindível reforçar a importância de um diagnóstico precoce , que propicie uma intervenção na fase em que a criança possui uma maior plasticidade neural, tornando a atuação profissional mais efetiva e diminuindo os prejuízos futuros.
E este tornou o meu propósito de vida, impulsionar os pais, a família e os educadores a se capacitarem para melhor intervenção. Não serem enganados e acreditarem somente em intervenções baseadas em evidências científicas, desta maneira fazer a diferença na vida das crianças autistas. Acredito que esta é a única maneira de diminuirmos as barreiras e aumentarmos a inclusão.

MEU SONHO:
Todos aqui têm um sonho, eu também tenho o meu.
Quando você recebe um diagnóstico de um desenvolvimento atípico do seu filho, todos os sonhos e expectativas que era planejado antes dele nascer, tudo muda. E o seu sonho também muda, então hoje posso compartilhar com vocês o meu sonho…
Sonho de ver meu filho se desenvolvendo, mas este sonho muitas vezes se perde dentro do tempo.
O meu filho é igual o seu, ama dançar, cantar, gosta muito de ser abraçado, chora quando cai e ama desenho animado.
Mas, ele está conectado de forma diferente. As pequenas coisas e gestos que seus pequenos fazem, para mim é uma grande vitória.
Coisas simples para seus filhos, para o meu é uma grande batalha. Para ele às vezes, luzes, sons, cheiros, texturas podem trazer uma sobrecarga intensa.
As pessoas que às vezes o olham porque lhe falta a pronúncia correta, para ele é a felicidade de estar cantando a sua melhor melodia. As mães que afastam seus filhos do meu, por preconceito, ou falta de informação, estão criando acusadores do futuro.
Não julgue pensando que ele faz birra, ele pode estar vivendo uma grande crise. A estas pessoas que julgam, espero que isto não bata na sua porta. Eu não trocaria o meu menino pelo mundo inteiro.
O meu filho é a pessoa mais corajosa e mais surpreendente do mundo.
Ele luta diariamente as batalhas que ninguém conhece. Trabalha diariamente e intensivamente com apenas 8 anos. E garanto que nenhum adulto superaria a metade dos seus obstáculos.
Ser uma mãe atípica fez eu entender que posso reinventar, construir resistência para seguir com meus novos planos e desejos.
Meu filho me inspira diariamente com sua disciplina. Ele cumpre todas as tarefas diárias sem reclamar. Não, não estou tornando ele um robô, estou preparando ele para a vida. Viva um dia no sapato do meu filho, e entenderão o que é ser um super herói de verdade.
Por você meu filho, minha caminhada, minha luta e a minha estrada.

Cássia Higashi Jardim Tanios
(Cirurgiã-dentista. Mãe do Ricardo, Leonardo e Mariana e Idealizadora do Seminário TEAJUDO a Ser Mais Forte)

Comments are closed.