Nos últimos dias, o Brasil ficou estarrecido com a divulgação de vídeos em que estudantes de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) praticavam masturbação coletiva durante jogos universitários realizados na cidade de São Carlos, em abril. Não fosse gravíssimo por si só, o episódio se torna ainda mais repugnante por ter acontecido durante um jogo de vôlei feminino, em que colegas mulheres desses homens estavam em quadra praticando um esporte.
O episódio repugnante traz luz a diversos pontos sensíveis e muito importantes que precisam ser refletidos pela sociedade, entre eles, a violência de gênero. Mas, antes, fica aqui uma pergunta: por que esses homens fizeram isso? O que será que leva futuros profissionais de uma área tão importante a praticar tal violência? Qual é a graça de mostrar a genitália, envergonhar e até traumatizar as pessoas que estão ali tentando se divertir? Seria apenas mais uma demonstração de superioridade de homens sobre mulheres, e também sobre outros homens? Ego? Ou eles realmente acham graça? Quaisquer que sejam as respostas, é chocante darmos conta da falta de decoro, respeito e civilidade que os jovens demonstraram nesse caso.
Apesar de ter chocado o país e repercutido em todo o mundo, chegando até a fazer o Presidente da República cobrar explicações do Ministério da Educação, o episódio não é isolado e levanta outra importante questão: o comportamento de futuros profissionais ainda durante a formação deles, na universidade. Esses estudantes estão capacitados, eticamente, moralmente, a cuidar da vida de alguém? É estarrecedor pensar que esses estudantes serão, muito em breve, profissionais no mercado de trabalho. Muitos desses que tratarão, inclusive, mulheres.
É importante destacar que demorou quase cinco meses para que esses vídeos repercutissem, sendo que os atos deveriam ser imediatamente denunciados, visto que, além de nojentos, configuram crime. Então, mais um ponto de reflexão: por que essas “tradições universitárias” tão violentas são consideradas normais e as instituições não fazem nada a respeito?
O caso gera muitas reflexões que deixamos aqui ao leitor do Jornal de Jales. Até a publicação deste editorial, sete alunos identificados nos vídeos já haviam sido expulsos e também poderão enfrentar a justiça para responder por esses crimes. É o mínimo a ser feito. Mas esperamos que, pelo menos, essa atrocidade sirva para que episódios como esse não aconteçam nunca mais, nem nas universidades, nem fora delas e, principalmente, entre profissionais.

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