Reflexões sobre mulheres de 50+

Em 2021, após 13 anos, me vi sendo desligada aos 51 anos.  Ao longo dos dias que seguiram e diante da realidade que surgiu, acabei por enxergar alguns fatos que acredito que a maioria dos profissionais tem vergonha de admitir que estejam passando ou já passaram, como:

  1. Após alguns dias do desligamento, pouquíssimos colegas manterão contato com você.  Não é por maldade, mas a rotina nas empresas consome qualquer possibilidade de sobra de tempo para dar atenção aos que saíram. 
  2. Quem te bajulava ou dependia de seu trabalho, não se lembrará de você. Clientes internos, colegas e parceiros se adaptam rápido à saída de alguém.   
  3. Todos somos muito substituíveis numa corporação.  Ao desligar um profissional sênior, normalmente as empresas usarão o orçamento para pequenos reconhecimentos na área ou cancelarão a vaga.
  4. O mercado presume que sendo uma pessoa 50+, sem ter alcançado o topo de carreira, você está ultrapassado. Issoé menos frequente em carreiras de tecnologia, mas para outras, isso é bem marcante.
  5. Tendo saído de uma corporação, você perde o valor profissional.  O valor profissional é atribuído por lei de oferta e procura?  Se sim, podemos imaginar que os 50+ concorrerão com gente bem mais jovem, que aceitará ganhos inferiores e que terão muitas vezes menos expectativas e exigências que alguém que viveu muito de sua área.
  6. Ficou obrigatório as empresas dizerem que fomentam a diversidade interna, porém essa diversidade geralmente é restrita ou pouco abrangente.
  7. Se você é 50+, você não deve se “parecer com um”. 

Bem, olhando para tudo isso, vejo algumas alternativas para usar esse momento a seu favor:

  • Saber seu valor profissional: o quanto podemos contribuir com o próximo e com a sociedade;
  • A vida profissional é importante demais para você perder tempo com o que não te faz bem. Se há oportunidade de fazer algo diferente do que sempre fez, porque não abraçar o novo?
  • Onde estão as melhores chances: Aqui se trata de entender todo seu caminho de vida, onde você sobra e onde você falta.  A partir disso, você pode buscar crescimento para aquilo que falta.
  • Ajudar o outro, ajuda a você mesmo.  Procure fazer o bem, dividir conhecimento e fazer circular sua energia.  Isso lhe ajuda a criar visão e sair do “seu próprio umbigo”. Você descobrirá que existem outros “no mesmo barco” que você;
  • Estude, leia, se interesse por tudo que acontece, busque conhecer as novidades na área de seu interesse: Falta de dinheiro não é desculpa, a internet está cheia de oportunidades de cursos gratuitos, lives, comunidades em rede social de pessoas que tem em comum com você ou que alcançaram os objetivos que você tem; 
  • Não fique parado pensando em coisas autodepreciativas ou tristes.  Se mova, se exercite (mesmo que uma caminhada pelo bairro). Diga “bom dia” aos vizinhos e amigos, seja grato e gentil.  Isso atrai as pessoas para você e oportunidades surgem. Nada mais repelente que gente mal-humorada.

A vida é boa demais para ser desperdiçada, é uma oportunidade que não se deve perder. Só assim faz sentido estar aqui.

  • Celia Regina Lara (Psicóloga e Analista de Talentos Humanos)

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