Reflexões sobre mulheres de 50+
Em 2021, após 13 anos, me vi sendo desligada aos 51 anos. Ao longo dos dias que seguiram e diante da realidade que surgiu, acabei por enxergar alguns fatos que acredito que a maioria dos profissionais tem vergonha de admitir que estejam passando ou já passaram, como:
- Após alguns dias do desligamento, pouquíssimos colegas manterão contato com você. Não é por maldade, mas a rotina nas empresas consome qualquer possibilidade de sobra de tempo para dar atenção aos que saíram.
- Quem te bajulava ou dependia de seu trabalho, não se lembrará de você. Clientes internos, colegas e parceiros se adaptam rápido à saída de alguém.
- Todos somos muito substituíveis numa corporação. Ao desligar um profissional sênior, normalmente as empresas usarão o orçamento para pequenos reconhecimentos na área ou cancelarão a vaga.
- O mercado presume que sendo uma pessoa 50+, sem ter alcançado o topo de carreira, você está ultrapassado. Issoé menos frequente em carreiras de tecnologia, mas para outras, isso é bem marcante.
- Tendo saído de uma corporação, você perde o valor profissional. O valor profissional é atribuído por lei de oferta e procura? Se sim, podemos imaginar que os 50+ concorrerão com gente bem mais jovem, que aceitará ganhos inferiores e que terão muitas vezes menos expectativas e exigências que alguém que viveu muito de sua área.
- Ficou obrigatório as empresas dizerem que fomentam a diversidade interna, porém essa diversidade geralmente é restrita ou pouco abrangente.
- Se você é 50+, você não deve se “parecer com um”.
Bem, olhando para tudo isso, vejo algumas alternativas para usar esse momento a seu favor:
- Saber seu valor profissional: o quanto podemos contribuir com o próximo e com a sociedade;
- A vida profissional é importante demais para você perder tempo com o que não te faz bem. Se há oportunidade de fazer algo diferente do que sempre fez, porque não abraçar o novo?
- Onde estão as melhores chances: Aqui se trata de entender todo seu caminho de vida, onde você sobra e onde você falta. A partir disso, você pode buscar crescimento para aquilo que falta.
- Ajudar o outro, ajuda a você mesmo. Procure fazer o bem, dividir conhecimento e fazer circular sua energia. Isso lhe ajuda a criar visão e sair do “seu próprio umbigo”. Você descobrirá que existem outros “no mesmo barco” que você;
- Estude, leia, se interesse por tudo que acontece, busque conhecer as novidades na área de seu interesse: Falta de dinheiro não é desculpa, a internet está cheia de oportunidades de cursos gratuitos, lives, comunidades em rede social de pessoas que tem em comum com você ou que alcançaram os objetivos que você tem;
- Não fique parado pensando em coisas autodepreciativas ou tristes. Se mova, se exercite (mesmo que uma caminhada pelo bairro). Diga “bom dia” aos vizinhos e amigos, seja grato e gentil. Isso atrai as pessoas para você e oportunidades surgem. Nada mais repelente que gente mal-humorada.
A vida é boa demais para ser desperdiçada, é uma oportunidade que não se deve perder. Só assim faz sentido estar aqui.
- Celia Regina Lara (Psicóloga e Analista de Talentos Humanos)