Neste ano de 2022 teremos a realização de mais um Censo Demográfico em nosso país, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estima-se que mais de 70 milhões de domicílios brasileiros serão visitados pelos recenseadores. Dentre os muitos dados de ordem econômica e social que serão gerados, teremos a atualização da porcentagem de católicos no Brasil; em 2010 a porcentagem estava em torno de 64,6%.
Porém, diante destes dados, vale a pena nos questionarmos: O Brasil, de fato, é um país católico? Será que os que assim se declaram, vivem de acordo com os princípios evangélicos ensinados pela Igreja? Uma grande ou pequena porcentagem de “católicos”, significa um grande ou pequeno número de “verdadeiros católicos”?
Segundo o Laboratório de Desigualdades Sociais (World InequalityLab), o Brasil continua sendo um dos países com a maior desigualdade social, de modo que os 10% mais ricos do Brasil ganham 59% da renda nacional total. Os dados do Relatório sobre a Riqueza Global de 2021, indicam que estamos vivendo o pior nível de concentração de renda desde o ano 2000, uma situação extremamente preocupante.
Como esses dados se relacionam com a pergunta inicial deste artigo? O Papa Emérito Bento XVI quando visitou o Brasil em 2007, por ocasião da Abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe (CELAM), nos recordou que “Nesta área geográfica [O Brasil] os católicos são a maioria, isto significa que eles devem contribuir de modo particular ao serviço do bem comum desta Nação”, ou seja, a nossa adesão a Jesus Cristo, que a fazemos por meio da Igreja, não pode ser uma profissão de fé que fique apenas na teoria. Como cristãos católicos, devemos assumir um papel ativo de transformação social em nossa sociedade, transformação que deve mostrar a todos que o Reino de Deus está se expandindo no meio de nós.
Também o Papa Francisco nos alerta sobre o risco da indiferença. Em sua visita ao Brasil, no ano de 2013, ele nos chamou a atenção sobre “quantas vezes nós dizemos: não é meu problema! Quantas vezes olhamos para o outro lado e fingimos que não vemos”, não podemos simplesmente ignorar os problemas sociais de nosso povo, são nossos irmãos e irmãs, em sua maioria, portadores da mesma igualdade batismal e em sua totalidade, partes do mesmo plano de amor do Criador para cada um de nós.
Que neste ano de 2022, onde realizamos eleições para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, possamos assumir a nossa corresponsabilidade na transformação social, para que a Fé que professamos nos faça enxergar o Cristo em todos os nossos irmãos e irmãs, e assim, estejamos cada vez mais atentos a todas as necessidades que o Senhor nos indicar.

  • Vinícius Santos dos Reis (Seminarista do 1º ano de Teologia da Diocese de Jales)

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