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Tudo que beneficiava
a região interessava
de perto ao jornalista
Deonel Rosa Junior
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- Edinho Araújo
O jornalismo perdeu esta semana um dos seus maiores expoentes regionais, Deonel Rosa Junior, profissional completo, que também atuou em programas jornalísticos em emissoras de rádio da região – rádios Assunção, Cultura e Antena 102.
Entre 1983 e 1986 integrou a equipe que desenvolveu o primeiro projeto de jornalismo regionalizado na televisão, como contratado da Rede Globo Oeste Paulista sediada em Bauru. Era também um exímio cerimonialista.
Em seu “Jornal de Jales”, a partir dos anos 70, engajou-se nas grandes lutas regionais. Teve atuação importante lutando ao nosso lado pela construção da ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, ligando Rubineia a Aparecida do Taboado, obra estratégica para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste brasileiro.
Estivemos juntos também na batalha pela duplicação da rodovia Euclides da Cunha, desde a barranca do Rio Paraná até Mirassol. Uma obra que transformou para melhor a região noroeste e beneficiou tantas cidades às margens dessa importante via.
Mas o que mais marcou a carreira cinquentenária desse profissional foi seu amor a Jales, cidade que escolheu para viver após deixar Olímpia, onde nasceu em 1951. Na adolescência em Olímpia, Deonel foi colega de escola da Maria Elza, minha esposa, e foi lá que ele deu os primeiros passos no jornalismo.
Deonel optou em seu jornal e nos programas de rádio por uma linha editorial de jornalismo voltado à cidadania. Tudo que beneficiava a região interessava de perto ao jornalista.
Fez centenas de editoriais em defesa do desenvolvimento regional, cobrou as mais diferentes autoridades e manteve sempre uma postura intransigente para com a corrupção.
Defendia com veemência a importância da representatividade da região em Brasília e em São Paulo, para que a voz da região fosse ouvida nos centros de decisão.
Quando me elegi deputado estadual em 1982 e Roberto Rollemberg conquistou uma cadeira na Câmara Federal nossas propostas e ações ganharam farto espaço nas páginas de seu periódico. Mais do que publicar as notícias, Deonel nos dava sugestões de projetos. Criticava quando necessário e era sempre um conselheiro muito próximo.
Ao lado de profissionais atuantes como Alcides Silva, Antônio Carlos de Camargo, João Carlos Ferreira, Zeca Moreira, Chico Melfi, César Scandiuzzi, Antônio Higa e outros, Deonel formava na linha de frente do bom jornalismo no oeste paulista, entre Votuporanga e Santa Fé do Sul.
A partida do Deonel nos surpreendeu na manhã de segunda-feira. Perdemos uma voz forte. Fundador do Fórum da Cidadania de Jales, instância comunitária formada por entidades de classe, clubes de serviço, associações profissionais e instituições filosóficas, Deonel foi o primeiro presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra.
Que sua história seja reverenciada e a memória de seu trabalho permaneça viva para sempre. Tenho certeza que Jales proporcionará uma homenagem à altura para quem a amou tão profundamente.
Edinho Araújo (Prefeito de São José do Rio Preto)