As Raízes de Jales: O crescimento e a formação de uma cidade (Parte 1)

Em 1941, no mês de agosto, o senhor Jerónimo Vicente da Silveira, com sua esposa e filhos, saiu de sua cidade Altair/SP para trabalhar como lavrador na cidade de Jales-SP a convite do seu genro Aristófanes Brasileiro de Sousa que também saiu de Altair para trabalhar no crescimento de Jales, porém como a vila não tinha recursos ele fez moradia na cidade de Votuporanga, e de lá, vinha até Jales para serviço e retornava ao entardecer.

O caminho de Altair até a cidade de Jales demorou 36 horas, e seu meio de locomoção era um caminhão, que nele vinha a mudança de 3 famílias no total de 16 pessoas, com a mesma intenção que o senhor Jerônimo.

A estrada que vinha de Altair a Votuporanga depois Jales, passando pela estrada Boiadeira, que dava acesso até a mata do jardim do bosque.

Chegando em Jales as 5h na data de 06 de agosto de 1941, seu Jovair, um dos filhos de Jerônimo, ficou acordado até o dia terminar de raiar para contar quantas casas havia em Jales: 2 casas cobertas com telhas e 5 ranchos de sapé, nessas casas habitavam as seguintes famílias, Jonas Batista, João Antônio Barnabé, Domingos Pereira da Silva com 4 irmãos e sua mãe, Otaviano Ribeiro e José Vicente.

Na época quem comandava a vila de Jales era o senhor Aristófanes Brasileiro de Souza, conhecido como Duquinha, as terras da vila eram do doutor Euphly Jalles, e seu Duquinha era o corretor delas.

Nesta época muitas famílias chegaram até a cidade de Jales, seu Duquinha fez o convite para que João Mariano de Freitas e Pedro Marcelino, que foram uma das primeiras famílias a chegarem na vila para dar início a construção da cidade de Jales. João Mariano comprou um sítio no córrego do Tamburi (Jardim do Bosque), seu João e outro senhor Ataíde Gonçalves, deram início a mão de obra para roçar parte da vila para seu crescimento, o primeiro lugar foi no bairro Jardim Oiti (chácara Bandeirantes), porém eles viram que o terreno era muito baixo, e outros pontos da cidade ficariam mais viáveis, pois tinha terrenos mais altos e planos, então deixaram de lado este terreno e foram para outro lugar, deram início então no terreno onde hoje é a Prefeitura, tudo com a orientação do senhor Duquinha.

O primeiro comércio da cidade foi um boteco, do Gabriel Gonçalves Espombrise, inaugurado na rua 5, depois uma pensão sendo proprietário João Balbino dos Santos, um pequeno açougue do senhor Pedro Marcelino, depois uma lojinha que pertencia ao senhor Aristofane Brasileiro de Souza, vulgo Duquinha.

Senhor Duquinha, era tio do dr. Euphly Jalles, veio a Jales a convite dele para vender terras, ficando como braço direito do doutor. Todos os acontecimentos no vilarejo era o senhor Duquinha quem cuidava, por exemplo, festa da igreja, leilões, todos os povos que vinham para Jales eram acolhidos pelo senhor Duquinha, como o primeiro padre, Padre Vitor, juiz de Direito dr. Sinésio, o primeiro médico que ficou pouco tempo dr. Duilio Magnani, vindo de uma cidade chamada Brioso, hoje conhecida como Monções, posteriormente chegou o digníssimo doutor Pedro Nogueira que atendeu todos os tipos de situações, desde pediatria a geriatria, conseguiu o feito de adquirir uma casinha simples com uma sala ampla para servir de Santa Casa, além deles, vieram também outros “mudanceiros” assim recém chegados, como a família tradicional Alfredo de Oliveira Gonçalves e outros.

As Raízes de Jales: O crescimento e a formação de uma cidade (Final)

Vamos falar da política, na primeira eleição de Jales em 1948, houve muitas brigas, quebrando instalações elétricas dos auto-falantes, no momento veio o senhor Alisson de Oliveira de Souza, como delegado, apartar as brigas; houve uns forasteiros que bateram no delegado, a política pertencia ao partido PSP, do governador Adhemar de Barros, logo o governador mandou um delegado com trinta policiais especiais batedores, os quais não deram trégua a ninguém. Aparentemente não se queria que houvesse a eleição, aconteceu que seu Jovair estava fazendo uma faixa para distanciar cem metros da sala de votação, quando um policial desses, mandou-o parar com o serviço, lhe agredindo com pontapés, seu Jovair, na época adolescente, parou e correu avisar o senhor Duquinha.

O Doutor Euphly mandou um rapaz (Leopoldo Alberto de Oliveira Gonçalves, Biriba) ao Rio de Janeiro, com um ofício em mãos na intenção de achar uma autoridade máxima que pudesse colocar ordem nas eleições. A autoridade chegando em Jales, mandou convocar o chefe dos abatedores, no caso o delegado designado por Adhemar, e esse delegado levou apelido de Vaca Brava. Assim que o Vaca brava chegou, essa autoridade que o Biriba trouxe abriu o paletó e mostrou o distintivo que possuía, e foi suficiente para que o delegado pedisse um tempo para recolher seus soldados e ir embora na mesma noite, logo após, a eleição correu tranquilamente.

Agora para os adolescentes, sobre a PONTE DO RIO PARANÁ, essa ponte teve início na gestão do prefeito Edson Freitas de Oliveira. Nascido em Aparecida do Taboado, dr. Edson era formado em medicina, veio a Jales para trabalhar, e logo se interessou pela política se candidatando a prefeito da cidade, e foi eleito.

Ele tinha em mente a construção de uma ponte sobre o rio Paraná, criou uma comissão chamada AMOPI, em conjunto com os prefeitos de cidades vizinhas, foram até São Paulo capital, para formalizar um pedido de construção de uma ponte e foram muito bem atendidos pelo governador Orestes Quércia, que prometeu o êxito na construção da ponte, a qual hoje está servindo uma grande região.

Doutor Edson agradeceu muito a todos os companheiros que embarcaram com ele nesta empreitada.

ESPORTE

O primeiro campo de futebol foi fundado na quadra onde hoje se encontra a prefeitura da cidade. Em 1943 recebemos um clube de futebol da cidade de Olimpia/SP. O segundo campo foi na praça Dr. Euphly Jalles, mas por pouco tempo, depois foi transferido para o estádio Dr. Roberto Valle Rolemberg. Nossa cidade tinha um time CAJ- Clube Atlético Jalesense, comandado pelo saudoso José Gatt, e a população jalesense teve o privilégio de assistir a uma partida de futebol com o popular Mané Garrincha, que todos gostaram.

CIDADES

Algumas curiosidades sobre os nomes das nossas cidades vizinhas. A cidade de Fernandópolis se chamava Vila Pereira, General Salgado chamava-se Vila Palmira, Prudêncio De Morais conhecida como Cachorro Sentado, Palmeira D’ Oeste chamava-se Vila Moreira. Urânia chamava-se Tupilândia, depois passou a ser São José dos Bandeirantes, e cabe aqui uma ênfase, para agradecer a cidade de Urânia, cidade boa de se morar, com a população hospitaleira.

Se acaso essa história de nossa cidade lhe despertar interesse, querido leitor, é só procurar por seu Jovair Vicente, que traz em suas memórias uma vasta passagem de tempo do crescimento de nossa querida Jales.

Jovair Vicente da Silveira

Jovair Vicente da Silveira
(96 anos, pioneiro de Jales)

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