A primeira quinzena de abril é marcada pela Semana da Saúde no Brasil, onde no período de 2 a 7 de abril, várias datas comemorativas em saúde ocorrem simultaneamente e fortalecem a profunda relação entre saúde, atividade física, promoção da saúde e qualidade de vida.
Assim de acordo com a biblioteca Virtual em saúde, do Ministério da Saúde, o combate ao sedentarismo, é a estratégia número um na luta para diminuir a incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo as doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e câncer de mama e de colo de útero. Enfermidades responsáveis por 71% de todas as mortes do mundo, incluindo as mortes de 15 milhões de pessoas por ano com idade entre 30 e 70 anos.
Dada a importância no cuidado com a saúde, também é preciso que compreendamos o amplo significado de qualidade de vida, pois vai muito além dos cuidados com o nosso corpo. Qualidade de vida é um conceito multidimensional que se refere à percepção geral de bem-estar físico, psicológico, social e ambiental de uma pessoa. Que inclui fatores como saúde física, saúde mental, nível de renda, acesso a recursos e serviços básicos, relacionamentos interpessoais satisfatórios, segurança pessoal, entre outros aspectos.
Em geral, a qualidade de vida é avaliada com base em indicadores objetivos, como expectativa de vida, taxa de mortalidade infantil, nível de escolaridade, acesso a serviços de saúde, entre outros, bem como em indicadores subjetivos, como a satisfação com a vida, o bem-estar emocional, o senso de propósito e significado na vida, entre outros.
Assim, em um país onde a imensa maioria dos seus habitantes não tem a possibilidade de parar para refletir sobre como estamos vivendo – prova disso o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, que recolocou o Brasil de novo no mapa da fome, em 2022, que apontou 33,1 milhões de pessoas sem garantia do que comer diariamente – nos faz um país de sobreviventes.
Contudo podemos, até então não termos observado isso, mas viver e sobreviver, são duas palavras que parecendo muito semelhantes, têm significados muito diferentes. Ambas se referem à forma como lidamos com as situações da vida, mas a maneira como as interpretamos e as enfrentamos é muito distinta.
Sobreviver é a condição de estarmos lutando para nos manter vivos, uma situação em que estamos em uma condição de escassez, perigo ou necessidade, onde temos que nos esforçar para superar obstáculos e adversidades. É um estado de espírito em que estamos focados apenas em nos mantermos vivos e em superar as dificuldades imediatas, implicando um estado de tensão e urgência, onde o foco está na obtenção de necessidades básicas, como alimentação, água e abrigo, e na superação de obstáculos e dificuldades.
Por outro lado, viver é uma condição em que estamos experimentando a vida em sua plenitude, estamos desfrutando das coisas que nos fazem felizes, realizando nossos sonhos e objetivos, e vivendo em harmonia com o mundo que nos cerca. Quando estamos vivendo, somos capazes de ver além das dificuldades imediatas e procuramos entender o momento presente, tentamos encontrar um sentido mais amplo para a nossa experiência e para as situações que enfrentamos.
Em suma, enquanto sobreviver é uma condição em que estamos lutando para nos mantermos vivos, uma condição temporária, já viver é uma condição em que estamos desfrutando plenamente da vida e encontrando sentido e propósito em nossas ações uma condição permanente.
Assim é importante lembrar que, embora a sobrevivência seja importante em momentos de crise, a vida plena é a meta a ser alcançada, e devemos sempre buscar essa condição, pois Deus nos quer vivos, para fortalecermos e estruturarmos o Seu reino que está no meio de nós.
- Jean Ferreira (Seminarista da Diocese de Jales)