As famílias brasileiras têm enfrentado dificuldades para manter os itens básicos no armário e na dispensa. O custo com a alimentação tem pesado cada dia mais no orçamento. Os preços de itens essenciais como o leite, o óleo de soja e a gasolina dispararam, inviabilizando que as famílias comprem o mesmo que consumiam há dois anos. O poder de compra do consumidor despencou e as projeções indicam situações ainda mais complicadas.
Um dos principais fatores para os sucessivos aumentos é a inflação no país, antiga conhecida pela população brasileira. Segundo os dados divulgados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril de 2022, a inflação em 12 meses chegou ao patamar de 12,13%, o mais alto em quase 20 anos. Somente no mês de abril a variação foi de +1,25%, a mais elevada desde 1996 para o mês.
Além dos aumentos dos preços de alimentos, combustíveis e remédios, as estatísticas apontam que as famílias estão mais endividadas, com dificuldades para manter as contas em dia. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou em fevereiro que 76,6% das famílias tinham algum financiamento e 27% estavam com alguma conta atrasada.
As dificuldades enfrentadas nos lares brasileiros são ainda maiores do que a inflação, o desemprego, a informalidade, o reajuste do salário mínimo que deveria gerar dignidade aos trabalhadores, tem ficado abaixo da inflação nos últimos e sem projeção de mudança. O desânimo é crescente. Como manter a esperança de dias melhores?
O Tribunal Superior Eleitoral comemorou no mês de maio quando o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos, que no dia 2 de outubro vão poder comparecer as urnas pela primeira vez, número maior do que as últimas eleições. Participar deste processo de cidadania é dever de todos, principalmente empenhados na discussão de nossa realidade.
Ao encerrar a 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no mês de abril, foi apresentada a tradicional Mensagem ao Povo Brasileiro, em um trecho foi enfatizado, “Conclamamos toda a sociedade brasileira a participar das eleições e a votar com consciência e responsabilidade, escolhendo projetos representados por candidatos e candidatas comprometidos com a defesa integral da vida, defendendo-a em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural. Que também não negligenciem os direitos humanos e sociais, e nossa casa comum onde a vida se desenvolve”.
Durante a 59ª Assembleia um dos assuntos pautados tratou sobre a comunicação no processo eleitoral de 2022. O assunto foi abordado pelo professor emérito da Universidade de Brasília e membro do Observatório de Comunicação religiosa da Igreja no Brasil, Venício Lima, ressaltando que o regime político caracterizado pela soberania popular com isonomia (direitos iguais de todas as pessoas perante a lei) e isegoria (direito à palavra e liberdade de expressão).
Que possamos assumir a responsabilidade e participar ativamente das discussões que envolvam nossas famílias e cidades, ainda que sejam em pequenas ações e gestos. “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível,” uma das mais conhecidas frases de São Francisco de Assis.
- Vitor Inácio Fernandes da Silva (Assessor de Comunicação da Diocese de Jales e Jornalista das Rádios Assunção e Regional FM)