O tempo quaresmal nos propõe um recolhimento de quarenta dias, inspirado no exemplo de Jesus Cristo, que encontrou no deserto o ambiente favorável para o diálogo com o Pai. A oração e o jejum, praticados por ele, constituíram forças que o motivaram superar os desafios do tentador.
Em nossa realidade, somos convocados a nos revestir das mesmas disposições de Jesus, na condição de autênticos cristãos e enfrentar, com coragem, as tribulações na certeza da vitória. O silêncio é preciso, para escutar com disposição o chamado que o Senhor nos faz: “Fala, Senhor, que o teu servo escuta!” (1Sm 3,10).
Os sinais de despojamento que a liturgia propõe na Quaresma nos ajudam a mergulhar na essência tempo litúrgico. As leituras da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja, propostas para a liturgia, meditadas e rezadas com atenção, se apresentam como roteiro seguro na caminhada rumo à Páscoa.
As Campanhas da Fraternidade também nos ajudam a criar um clima de conversão, quando vividas com seriedade e sem preconceitos.

Olhar para a necessidade do próximo, refletindo temas importantes sugeridos pela Igreja, educa-nos para a solidariedade.

É uma oportunidade de realizar gestos concretos que educam para a caridade, especialmente quando são apresentados temas importantes como o deste ano, sobre a Educação, que tem como lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor (cf. Pr 31,26),
Cada Campanha da Fraternidade tem por objetivo provocar em cada cristão uma meditação acerca das realidades e necessidades presentes na sociedade. O Catecismo da Igreja Católica (cf. nn. 1783-1785) nos ensina que educar é formar uma consciência reta e verídica, seguindo a razão de acordo com o bem verdadeiro querido pela Sabedoria do Criador. Educar a consciência é um dever que se prolonga por toda vida, desde a mais tenra infância até o final da existência humana.
A Quaresma é tempo de conversão. E a Campanha da Fraternidade possui essa proposta de impulsionar “um coração convertido”. A quaresma para nós é o silêncio que brota da vivência do encontro com o Pai, uma pausa restauradora, que nos assemelha ao Mestre. Logo, caminhando com Ele, não podemos passar longe daqueles que Ele ama. Educar para a Solidariedade é ter em nosso coração os mesmos sentimentos do Mestre.
A Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado. Aproveitemos o Caminho Quaresmal de 2022 para refletir sobre a exortação de São Paulo aos Gálatas, impulsionado pelo Papa Francisco em sua Mensagem para a Quaresma de 2022: “Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com todos” (Gal 6, 9-10a).

  • Padre Valter Lucato Campano Junior (Chanceler do Bispado)

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