A presença insistente da pandemia de COVID-19 impactou a saúde física e mental não só dos adultos, mas também das crianças, principalmente, aquelas de zero aos 3 anos. Faixa etária a qual se espera que a comunicação verbal e os laços afetivos comecem a se estruturar de maneira gradual e satisfatória.
Embora as crianças sejam menos reativas na forma sintomática e degradativa da COVID-19, essas podem ser mais afetadas no âmbito do desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo por estarem em pleno desenvolvimento das suas habilidades sociocultural e emocional.
É bem provável que você já tenha ouvido uma reclamação de mãe falando sobre as preocupações com a fala e as relações interpessoais e sociais dos seus filhos. Isso é muito comum hoje.
Muitas crianças estão chegando às escolas de Educação Infantil com um visível comprometimento das funções da fala, na interação social e em outros aspectos.
Os “filhos da pandemia”, termo utilizado para identificar as crianças que foram privadas de uma convivência social mais intensa devido ao distanciamento imposto pela pandemia da COVID-19, apresentam uma oralidade mais empobrecida e um retraimento nas funções sociais, têm maior dificuldade de interação e integração no meio ambiente escolar , maior dificuldade em desenvolver o sentimento de pertencimento, maior dificuldade de fazer vínculos seguros e grande propensão a ansiedade e ao desenvolvimento de obesidade infantil.
Logicamente a linguagem, a comunicação interpessoal e a sociabilidade são aspectos fundamentais para serem observados pela família e pela escola no dia a dia, a fim de traçar estratégias para favorecer o desenvolvimento da linguagem funcional, da cognição social e a aquisição de habilidade para a aprendizagem e a autonomia, pois espera-se que sejam crianças saudáveis em todos os aspectos. Pedagogicamente falando, as Escolas de Educação Infantil precisarão de outros profissionais para amenizar tais consequências do período pós pandemia, porém, o desafio se estenderá para as famílias das crianças, que precisam precocemente buscar o esclarecimento e auxílio a seus filhos, para que, no futuro próximo, essa defasagem possa ser superada.

Jane Maiolo (Gestora de educação infantil, professora, psicopedagoga e psicanalista clinica)
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