Temos percorrido um caminho de diálogo até aqui e pretendo encerrá-lo neste artigo. Temos visto que muitos cientistas não abdicaram sua fé (nem seu conhecimento) mesmo se dedicando ao estudo dos complexos rudimentos do mundo e dos mistérios da vida. Pelo contrário, eles entendiam que estudar a natureza, sua beleza e seus mistérios, eram uma forma de descobrir a beleza do Criador e o poder de Deus. Um fato que devemos sempre considerar é que muitos fundadores da ciência moderna eram cristãos.
Fato é que muitos pressupostos básicos da ciência têm sua origem na religião cristã e bíblica. A crença básica de que toda parte da criação tem seu valor inerente é constituída a partir do que a Bíblia diz: “E viu Deus tudo quanto fizera e eis que era bom” (Gênesis 1.31). Essa visão é contrária ao pensamento gnóstico grego que relacionava a matéria à desordem e ao mal. Há uma questão aqui. Ao mesmo tempo que a natureza criada é boa, no entanto não é divina. As concepções panteístas afirmam que a natureza revela um pedaço de Deus, é uma emanação do Criador. A natureza é limitada e imperfeita, portanto não pode ser Deus, não pode ser deificada. A natureza é fruto de um Deus racional que criou tudo de forma coerente, confiável e regular. O que muitos chamam de “leis da natureza” é o agir coordenado de Deus através do qual Ele determina as ações naturais da Sua criação. Aquilo que a teologia cristã chama de “mandato cultural” torna-se um grandioso elemento motivador para o estudo da ciência promover a glória de Deus e o benefício da humanidade.
Em que pese a relevância acadêmica de estudiosos como Carl Sagan, Charles Darwin, Richard Dawkins e outros, a visão que tinham do conhecimento como uma harmonia do todo veio fortalecer o distanciamento entre realidades que sempre deveriam ser amigas e permanecerem unidas. Porém, um olhar mais atento nos permite ver que o problema não é esse. O problema entre religião e ciência hoje é um problema de cosmovisão, visão de mundo diferente a partir de pressupostos e legitimidades diferentes. A grande questão é que a ciência trocou paulatinamente uma visão de mundo cristão pelo naturalismo científico. Essa cosmovisão científica não se limita apenas à observação dos fatos, mas também expressa sua visão particular de mundo. Ela é que vai determinar onde os fatos são buscados, como os experimentos são feitos, como é realizado o planejamento e quais as explicações condizentes à essa cosmovisão. Como se vê, a ciência pode “explicar” muita coisa. Afinal, a ciência é neutra? Uma forma de responder essa pergunta é observar como muitos cientistas são beligerantes quando se trata em defender sua visão de mundo. São ativistas de seus posicionamentos (ver o pequeno documentário “expelled”, que trata de cientistas cristãos expulsos das academias e laboratórios). O renomado cientista brasileiro Adauto Lourenço costuma afirmar que “não é a ciência que não acredita em Deus, são os cientistas que não acreditam em Deus”. Isso explica muitos posicionamentos e teorias científicas que são feitas para amoldar o homem à cosmovisão vigente. Ciência nem tão neutra assim…
Por fim, sugiro a leitura de livros como “O mundo perdido de Adão e Eva” de John Walton (Editora Ultimato), “Criação e evolução” de John MacArthur, “De todo o teu entendimento” de Gene Edward Veith Jr, “Um mundo com significado” de Benjamin Wiker e Jonathan Witt, “A criação restaurada” de Albert Wolters, além do já citado “A alma da ciência” de Nancy pearcey (todos da Editora Cultura Cristã).
Boa leitura e Deus continue te abençoando.

Rev. Onildo de Moraes Rezende (Pastor da Igreja Presbiteriana de Jales, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Docência Universitária, Mestre em Aconselhamento)

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