Pouca gente se interessa por conhecer o que o Brasil gasta com internações de pessoas feridas em acidentes com motocicleta. Muito pior do que isso, é o montante de vítimas fatais decorrentes desses infaustos. O SUS despende bilhões com tudo isso. E as coisas continuam a acontecer, como se não nos afetassem.
Já ouvi de um cidadão sensível a tais questões, que os motociclistas são hoje conhecidos como “morto-boys” ou “kamikazes”. Tudo isso poderia ser evitado se os veículos para os serviços de entrega fossem outros. Já existe no Brasil a fabricação de modelos movidos a eletricidade, cujo preço é inferior à das motos mais possantes. Embora não sejam estas as adquiridas pelos entregadores de alimentos e de outras encomendas.
Se houvesse a disseminação desses veículos, conhecidos como “Tuk-Tuk”, haveria menos acidentes e menos poluição. E eles poderiam ser utilizados para transporte de pessoas, pois há modelos que comportam até seis pessoas. Outros são destinados a carregar mercadoria. Há múltiplas utilidades para essa produção que já é empregada na Ásia e com sucesso.
Se for considerada a quantidade de pessoas desprovidas de trabalho nas megalópoles e a facilidade na condução desse transporte limpo e leve, poder-se-ia pensar em abrir um campo de ocupação digna, lícita e rentável para os hoje desempregados.
Outra missão que eles poderiam desempenhar, seria a coleta de resíduos sólidos recicláveis de porta em porta, não com a periodicidade semanal que às vezes inibe quem se proponha a juntar aquilo que será destinado à reciclagem.
São Paulo, a capital, despende treze bilhões de reais para a varrição e coleta de lixo a cada ano. Algo que poderia merecer outra resposta, já que tudo aquilo que desperdiçamos tem valor. Material orgânico serve para compostagem e fertilização da terra. Material não orgânico é empregado na produção de outros bens e materiais pela indústria especializada.
São soluções fáceis, plenamente viáveis, que poderiam merecer a atenção da iniciativa privada, para ajudar o poder público a gerir conurbações gigantescas, que potencializam os problemas e sugerem falha na gestão do interesse coletivo. As soluções estão à vista. Basta implementá-las.
José Renato Nalini
(Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo)