No primeiro semestre de 2022, em Jales foram registrados 129 boletins de ocorrência de acidentes de trânsito com vítimas pela Polícia Civil (Delegacia de Polícia). Chama a atenção o elevado número de motocicletas e motonetas envolvidas nos acidentes, uma vez que em 111 dos casos, havia pelo menos uma moto envolvida, ou seja, em 86% dos acidentes de trânsito com vítimas. Em 2016, esse percentual era de 77%.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego – ABRAMET, baseada em dados do Ministério da Saúde, apenas no período de janeiro a julho de 2021, o número de internações de motociclistas atingiu recorde histórico, alcançando 71.344 casos graves e que exigiram a hospitalização de motociclistas. Além das graves consequências aos condutores e passageiros, uma vez que muitos ficam inválidos ou morrem. Os acidentes também têm um alto custo social, pois custaram aos cofres públicos quase R$108 milhões de janeiro a julho de 2021. No ano de 2020, o SUS gastou cerca de R$171 milhões para tratar motociclistas traumatizados.
A quantidade de motocicletas e motonetas em circulação cresceu de forma acelerada em nosso País. Em janeiro de 2022, a frota nacional de motociclistas e motonetas atingiu 29.869.455, segundo a Secretaria Nacional de Trânsito – SENATRAN. A região Nordeste, por exemplo, tinha uma frota de 8.504.455 motocicletas e motonetas, enquanto a de automóveis era de 7.640.956, no mês de janeiro de 2022 (fonte: SENATRAN), ou seja, 863.499 motocicletas e motonetas a mais do que automóveis. No mês de março deste ano, pela primeira vez no Brasil, foram vendidas mais motocicletas do que automóveis, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – FENABRAVE. Acompanha o crescimento da frota de motocicletas e motonetas, o número de acidentes.
Em Jales não poderia ser diferente, uma vez que, em janeiro de 2012, haviam 11.476 motocicletas e motonetas registradas no Município e atingiu o número de 15.919 no mês de janeiro deste ano (fonte: SENATRAN), um aumento de 4.443 veículos.
No Brasil predominam as motocicletas de baixa cilindrada e seu uso está relacionado ao trabalho, como meio de transporte individual (deslocamento de casa para o trabalho e vice-versa) ou no transporte renumerado de passageiros (mototáxi) ou de cargas e encomendas (motofrete), tendo em vista a economia de combustível e maior agilidade no trânsito. Já em outros países, como nos Estados Unidos, as motocicletas estão associadas ao lazer, com veículos de alta potência.
A principal causa dos acidentes de trânsito com vítimas, como o obervado em outras oportunidades, após a análise dos boletins de ocorrência elaborados pela Polícia Civil de Jales, é humana, como, por exemplo: desrespeito a legislação e a sinalização de trânsito, falta de atenção na condução do veículo, velocidade incompatível para o local, uso do celular enquanto dirige etc.
Agora, motociclistas, demais condutores e pedestres devem refletir sobre as graves consequências dos acidentes de trânsito e, com base na educação e no respeito, buscarem um trânsito harmônico e seguro.

Altair Ramos Leon
(Diretor do Departamento de Mobilidade Urbana e Presidente do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana)

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