Muito comum encontrar o ditado popular “filho criado, trabalho dobrado”, pois bem, vejamos algumas das principais queixas dos pais de adolescentes nos últimos anos: conflitos de interação social, os problemas de externalização, desinteresse pelo futuro, desesperança, empobrecimento e falta de investimento libidinal, ansiedade e crise de identidade.
O período do adolescer se faz acompanhado por uma série de mudanças tanto físicas como químicas, fato este que respinga na sua saúde emocional e do grupo familiar. O sujeito precisa estar bem acolhido e amparado pelos seus cuidadores, pois acredita-se que é como se o adolescente tivesse perdido uma casca e ainda não houvesse reconstruído outra, o que o torna muito vulnerável do ponto de vista emocional. Essa maior suscetibilidade pode ocasionar sentimentos de vazio, desamparo e despersonalização. Digo mesmo que é como que o adolescente estivesse no limbo, sem lugar definido, nem criança, nem adulto.
Os pais do mundo contemporâneo precisam acompanhar as rápidas e significativas transformações tanto no comportamento quanto na cultura. O jovem precisa ser acolhido na sua subjetividade e sentir que tem pertencimento no grupo qual está inserido. Sentir-se um estranho, um peixe fora d’água e até mesmo invisível também é um sintoma do adolescer.
Existe um comportamento esperado de autonomia, liberdade e responsabilidade, porém, ele ainda não se sente preparado para assumir tais papéis, fato esse que muitas vezes o torna agressivo, hostil, evasivo e angustiado. Essa ambivalência é perfeitamente compreensível.
Assumir seu próprio desejo, pode ser também um fator de ansiedade, pois os pais geralmente projetam seus desejos sobre a vida e o destino dos filhos e isso se torna um fardo. Culpa, ressentimento e medo passam a acompanhar esse sujeito nesses períodos. Os pais conscientes da sua boa educação na primeira infância precisam deixar os filhos crescerem. Sem medos! Sem projeções.
Há um grande desafio para os pais de adolescentes, pois ajudar os filhos a formar sua nova identidade, sentir-se pertencente ao grupo e ganhar autonomia requer um bom equilíbrio emocional, ou seja, auxiliar o adolescente na construção de uma identidade própria, autêntica, íntegra é o caminho para a emancipação e liberdade na juventude. Os pais terão que suportar o adolescer, sem adoecer.

  • Jane Maiolo (Gestora de educação infantil, professora, psicopedagoga e psicanalista clinica) [email protected]

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